Janira Hopffer Almada falava aos jornalistas hoje em São Vicente, à margem de um encontro com a Associação dos Armadores da Marinha Mercante .
A presidente do PAICV justifica a posição com alegadas irregularidades no decorrer do processo, bem como o risco de extinção da classe nacional.
“Mais vale corrigir um processo que foi mal iniciado do que ir com o erro até a final para os danos serem maiores, depois. Penso que ainda é tempo do governo emendar a mão, arrepiar caminho, corrigir o processo e dotar o país da solução que efectivamente precisa” afirma.
O grupo português Transinsular venceu o concurso público internacional.
Segundo o Governo, os armadores nacionais podem participar no capital da futura concessionária em 25%, com dispersão via Bolsa de Valores.
A líder do PAICV afirma que esta medida não é razoável, nem aceitável.
“E não é realista. Porquê? Nós estamos a falar de pelo menos catorze (14) companhias, cada uma não vai ficar nem com 2% e o governo diz apenas parte da verdade. O governo diz que garante 25% [do capital social da empresa concessionária] aos armadores nacionais mas não diz que as companhias terão de entrar com um milhão de euros. Isso não é realista para o nosso país. É uma forma de excluir os armadores nacionais sob a capa de um concurso que tem tudo menos transparente”, sublinha.
O concurso de concessão dos transportes marítimos foi lançado a 30 de Janeiro deste ano.
O vencedor foi anunciado em Outubro, e as negociações contratuais entre o governo e a Transinsular, empresa vencedora, deverão estar já a decorrer.
Quanto ao modelo escolhido, o Governo garante uma concessão única de serviço público de transportes marítimos inter-ilhas (passageiros e carga) que será contratualizada e subsidiada até chegar ao ponto de equilíbrio operacional.