Em conferência de imprensa, na Cidade da Praia, o secretário-geral (SG) do Partido Africano da Independência de Cabo Verde considerou um “falhanço” a política do executivo de Ulisses Correia e Silva em relação ao emprego, particularmente no que diz respeito à juventude “que acreditou na promessa da criação de 45 mil postos de trabalho, sendo nove mil por ano”.
“Os dados acabados de divulgar apontam pela destruição de 8.775 postos de trabalho ao qual se somam os 6.000 do ano passado”, precisou Julião Varela, acrescentando que o INE aponta para a redução de taxa de ocupação de 51,9 por cento (%) para 48,8%.
Para o dirigente do PAICV, os dados do INE indicam que “cerca de 29 mil jovens com idade entre os 15 e 34 não trabalham nem frequentam qualquer estabelecimento de ensino ou formação”.
“O desemprego aumentou, mesmo nas ilhas do Sal e da Boa Vista, onde nos anos anteriores havia mais facilidades de emprego”, apontou o SG do PAICV, acrescentando que uma “atenta leitura” dos dados do INE mostra que “apenas foram criados 1.396 postos de trabalho”.
Para se chegar a esta conclusão, prossegue, “basta fazer a diferença entre a população desempregada em 2017 e em 2018”.
“Como entender uma economia a crescer, conforme se propala, e a destruição de nove mil postos de trabalho”, interroga-se Julião Varela, que ainda acrescenta o facto de haver mais empresas no país, enquanto a taxa de actividade “cai de 59,2 para 55,6%”.
Desemprego mantém-se nos 12,2%
Sem alterações em relação ao ano anterior. Taxa de desemprego mantém o mesmo valor de 2017 sendo maior entre os jovens 15-24 anos (27,8%). O Instituto Nacional de Estatística registou, em 2018, uma diminuição da população empregada em Cabo Verde.
Segundo Varela, por outro lado, os dados mostram que em 2018 se registou mais desemprego nos concelhos da Praia, São Vicente e Santa Cruz.
“O desinvestimento no sector primário, particularmente na agricultura, é visível”, com o desemprego a “aumentar mais de 4.798 no meio rural”.
“Os resultados estimam um aumento da população inactiva (os desanimados) em mais de 17.403, que somado aos 19.690, de 2017, perfazem um total de 37 mil pessoas, que já não têm esperança de encontrar o emprego”, sublinhou o PAICV, concluindo que neste momento o país conta com “44,4% de população inactiva, ou seja, os que não participam em qualquer actividade económica”.
Quanto ao aumento do número de trabalhadores inscritos na Previdência Social, que, segundo o PAICV, está a servir de base ao Governo para justificar o aumento do emprego, isto tem a ver “com a inscrição das pessoas que já trabalhavam e que não estavam inscritas no INPS”.