Os dados foram avançados à imprensa domingo à noite, na cidade da Praia, pela própria Janira Hopffer Almada, informando que as informações provisórias que lhe foram facultadas pelos mandatários da candidatura e pela Comissão Eleitoral apontam para uma votação favorável de 98%.
Os 34.773 militantes inscritos nos cadernos eleitorais votaram, ontem, em 300 mesas em todo o país (240) e na diáspora (60).
Para a candidata eleita, trata-se de um "resultado extraordinário", tendo em conta que a abstenção é um dos grandes problemas das eleições em Cabo Verde, que todos devem combater, disse.
Janira Hopffer Almada indicou que mais de metade dos militantes votou, num clima de bastante serenidade, entendendo que se trata de uma "boa" afluência em todos os sectores.
A líder reeleita agradeceu aos que votaram e também aos que não votaram, apelando a todos para colocarem os interesses de Cabo Verde em primeiro lugar, dedicando-se a partir de agora a fortalecer o partido, numa "união em torno de causas".
A reeleita líder do PAICV disse que a relação será a mesma para com todos os militantes e prometeu uma "liderança confiante no futuro e determinada" na implementação da visão sufragada.
"Eu temo uma liderança que ninguém critique, porque uma liderança que ninguém critica é porque não está a fazer nada. Se eu não fizesse nada, provavelmente não estaria a ser criticada por ninguém", afirmou Janira Hopffer Almada, que falava na sede do PAICV, no centro histórico da cidade da Praia, na presença de muitos militantes e simpatizantes.
Janira Hopffer Almada foi candidata única à liderança do maior partido da oposição, após o deputado José Sanches ter desistido de apresentar a sua candidatura, tecendo várias críticas e alegando que estava em curso um "golpe de assalto" à liderança do partido.
A agora deputada foi eleita pela primeira vez presidente do PAICV em 2014, altura em que ainda era ministra da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos, tendo conseguido 51,24% dos votos, contra 40, 31 de Felisberto Vieira, que era líder parlamentar do partido, e 8,45 de Cristina Fontes Lima, então ministra adjunta e da Saúde.
Na reeleição, em 2017, como candidata única e já com o PAICV na oposição, ganhou com mais de 90% dos votos dos cerca de 35 mil militantes no país e na diáspora.
Depois da eleição deste domingo, o XVI congresso ordinário vai decorrer entre 31 de Janeiro e 02 de Fevereiro de 2020 e vai servir para eleger os novos órgãos do partido.
O primeiro grande desafio da nova liderança do PAICV serão as eleições autárquicas do próximo ano, e para já Janira Hopffer Almada não estabelece nenhuma meta além das duas (entre 22) câmaras lideradas pelo partido (Santa Cruz, em Santiago, e Mosteiros, no Fogo), mas reconhece que as eleições municipais terão "efeito influenciador" nas legislativas do ano seguinte, pelo curto espaço de tempo entre elas.
Para já, disse que vai iniciar "uma nova largada" no PAICV, que conduza o partido a resultados "muito mais satisfatórios", reforçando e reconquistando e confiança dos cabo-verdianos.
Também pretende o "reequilíbrio do poder", já que neste momento do Movimento para a Democracia (MpD) é maioritário no poder autárquico, no parlamento, acrescentando-se ainda o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que foi eleito com o apoio desse partido.
Janira Hopffer Almada é o quinto presidente e a primeira mulher a liderar o PAICV, depois de Aristides Maria Pereira, Pedro Pires, Aristides Raimundo Lima e José Maria Neves.