“A minha agenda é Cabo Verde e um PAICV forte” - Janira Hopffer Almada

PorAndre Amaral,21 dez 2019 8:22

A Presidente do PAICV, Janira Hopffer Almada, candidata única à sua sucessão na liderança do partido, apresentou a sua moção de estratégia para as eleições internas que se realizam no próximo dia 22.

No discurso que fez perante os seus apoiantes mais próximos, a líder do maior partido da oposição fez um discurso virado para o exterior dirigindo críticas ao governo do MpD, liderado por Ulisses Correia e Silva. 

No entanto, Janira Hopffer Almada enviou também algumas mensagens para o interior do partido recusando, ainda assim, tratarem-se de recados para a oposição interna que acabou por desistir da candidatura que tinha apresentado. 

“Eu não dou recados. Assumo posições. Defendo convicções e luto, faço lutas dignas. Quem me tem acompanhado sabe que tenho apresentado propostas claras para o partido e para o país”, começou por afirmar a única candidata à liderança do PAICV. “A minha agenda é Cabo Verde e um PAICV forte, presente, actuante, à altura das expectativas dos cabo-verdianos para se transformar cada vez mais numa alternativa credível. Porque acredito que é possível governar Cabo Verde melhor, acredito que é possível construir um Cabo Verde para todos. Repito aquilo que tenho dito, eu não dou recados. Eu assumo posições pensando e colocando Cabo Verde em primeiro lugar, distinguindo o importante e o essencial do que não é essencial”.

Desde que assumiu a liderança do partido este será, talvez, um dos períodos em que Janira Hopffer Almada viu levantarem-se mais vozes críticas à forma como tem gerido os destinos do partido.

Durante o discurso que fez ao apresentar a sua moção, a presidente do PAICV perguntou à assistência sobre o que os militantes têm feito pelo partido e pelo país e mais uma vez negou que tenha sido uma mensagem para dentro do PAICV.

“Não. Quando eu lancei essa questão para reflexão foi na perspectiva de demonstrar que eu própria, todos os dias, exijo de mim um pouco mais do que aquilo que fiz ontem. Exijo um pouco mais de mim para o partido mas, sobretudo, exijo um pouco mais de mim para o país”, afirmou dizendo de seguida que o que deve motivar os militantes e os simpatizantes do seu partido “é pensar que sempre podemos fazer amanhã um pouco mais e um pouco melhor do que fizemos ontem. Na linha do defendido por Amílcar Cabral. Todos nós estamos sempre a aprender, mas todos nós devemos ter a ambição de cada dia fazer mais e melhor”.

Abrir eleições a simpatizantes 

Uma das medidas apresentadas por Janira Hopffer Almada foi a possibilidade de, no futuro, as eleições para a liderança do partido deixarem de ter a participação exclusiva dos militantes e alargarem-se aos simpatizantes dos PAICV.

“Penso que é chegado o momento de nós reflectirmos, de facto, se não é o momento de se permitir a participação nas eleições de presidente do PAICV dos simpatizantes. O presidente do PAICV é a maior estância singular do partido, é eleito pela universalidade dos militantes. É o único órgão cuja eleição é participada por todos os militantes, no país e na diáspora”, começou por afirmar a presidente do maior partido da oposição. 

Por outro lado, acrescentou, “a nosso ver é chegado o momento de as regras para o exercício das funções de presidente do PAICV serem melhor desenvolvidas e reguladas nos estatutos”, defendendo a necessidade de estabelecer as formalidades da posse, do fim do mandato e da substituição do líder do partido. 

O artigo 109 

Para a presidente do PAICV é necessário fazer uma regulamentação de um artigo específico nos estatutos do partido: o artigo 109 que se refere ao compromisso de honra assumido pelos deputados eleitos por aquele partido. 

Negando mais uma vez que se trata de uma men­sagem para dentro, Janira Hopffer Almada defendeu a regulamentação deste artigo “para que sejam claros os princípios, as causas e os pontos de referência que devem ser assumidos e defendidos por todos”.

Como foi referido, a presidente do PAICV recusou a ideia que se tratasse de um recado para o interior do partido. Mas a regulamentação que agora defendeu tem como objectivo evitar que episódios como o que se passou em Novembro do ano passado, quando dois deputados ajudaram a aprovar a legislação sobre a regionalização, se voltem a repetir.

As alterações a este artigo vão ser levadas ao Congresso que decorrerá entre 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro de 2020, que vai servir também para eleger os novos órgãos do partido.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 942 de 18 de Dezembro de 2019. 

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Autoria:Andre Amaral,21 dez 2019 8:22

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  10 set 2020 23:21

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