Grupo Independente MUDAR – Plataforma Alternativa Ribeira Grande Mais Desenvolvida
A primeira candidatura independente anunciada para as autárquicas-2020 foi a do economista Paulino Dias que apresentou há já 6 meses a sua candidatura à Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santo Antão.
Ao Expresso das Ilhas explicou, na altura, as três grandes motivações que o levaram a apresentar a sua candidatura a uma autarquia que está há mais de 20 anos nas mãos do MpD.
“A primeira é compreender que o modelo de gestão do município da Ribeira Grande, que se vem prolongando por mais ou menos 30 anos, já não está a dar resposta aos desafios que o município tem e que exigem novas abordagens de gestão, novas políticas, uma nova visão, uma nova forma de trabalhar as coisas”. A outra principal motivação reside no facto de acreditar que é possível mobilizar uma equipa que não esteja comprometida com agendas políticas partidárias. A terceira motivação, para o candidato santantonense é de foro pessoal: tendo trabalhado na ilha e feito várias propostas tanto ao governo como à autarquia, “entendemos que, não tendo havido um ambiente favorável para avançar com esses projectos, tenho uma certa responsabilidade pessoal de, pelo menos, submeter essas ideias ao escrutínio dos eleitores e ver se me dão essa confiança para implementar os projectos e essas ideias pessoalmente”.
João Félix Cardoso, por um novo modelo de gestão para Santa Catarina
O magistrado explicou que a sua entrada na corrida à Câmara Municipal de Santa Catarina de Santiago surgiu como resposta ao “apelo forte” da sociedade civil santacatarinense por uma candidatura capaz de desenvolver o papel que o concelho sempre teve em Santiago Norte.
“As pessoas assinaram e convidaram-me para ser candidato à Câmara Municipal de Santa Catarina”, precisou Félix Cardoso à Inforpress, realçando que a sua candidatura é “plural e congrega várias sensibilidades e todas as forças da sociedade civil, jovens, quadros, intelectuais e a diáspora”.
João Félix Cardoso exerceu magistratura judicial nas comarcas da Brava, Tarrafal de Santiago e Sal e foi assessor jurídico do ex-presidente da Camara Municipal de Santa Carina, Francisco Tavares.
Milton Paiva, lidera a candidatura AMI E SAN DOMINGUS
A última candidatura independente a ser apresentada, o acto aconteceu há justamente uma semana, é também aquela que mais comentários tem suscitado, pois Milton Paiva é deputado da Nação eleito pelas listas do MpD e a sua candidatura, como repara a Inforpress, integra Mike Silves, que foi um dos pré-candidatos do MpD à liderança da Câmara Municipal de São Domingos e antigo líder da bancada municipal do MpD na Assembleia Municipal, e Rui Pereira que exerceu o cargo de vereador em três mandatos da Câmara Municipal. Entretanto, o jurista escusa-se a vestir a pele de candidato independente, preferindo antes utilizar o termo suprapartidário. “Conscientemente, e no seu espírito, não utilizamos o termo candidatura independente, mas o termo plataforma porque ocupamos um espaço maior e mais transversal. Ser de São Domingos é mais abrangente e completo do que fazer parte de listas temporárias e de estruturas políticas ou associativas. Por isso, Ami e San Domingus”, sublinhou Milton Paiva na apresentação pública da candidatura.
“Tarrafal é di nós. Nu trabadjal” quer relançar desenvolvimento local
Outra candidatura independente saída das hostes no MpD é a de Domingos Semedo. O engenheiro informático, ao apresentar a sua candidatura, no dia 2 de Junho na sua página do Facebook, anunciou os seis eixos da sua plataforma eleitoral: mudar a forma de governar e relançar o desenvolvimento; incentivar a resolução dos problemas do financiamento das empresas locais; promover o emprego, combater a precariedade; implementar uma nova força para que Tarrafal concorra com as cidades mais desenvolvidas de Cabo Verde; transformar Tarrafal em um município sustentável, inteligente e moderno; e valorizar Tarrafal.
Empresário italiano candidata-se à Câmara Municipal da Boa Vista
Chama-se Sérgio Corra e vive na Boa Vista há mais de 20 anos. O empresário italiano decidiu entrar na corrida autárquica para “resgatar a Boa Vista”, que em seu entender, “tem sido governada sob a bandeira da corrupção, desorganização e incumprimento das leis”.
“A motivação principal é ver que nem o MpD nem o PAICV estão a dar a necessária atenção à ilha da Boa Vista, principalmente porque esta, assim como as ilhas do Maio, Brava e São Nicolau, tem (apenas) dois deputados nacionais”, justificou Sérgio Corrá em entrevista à Inforpress.
Regresso de filhos pródigos
Dos 22 candidatos aprovados pelas listas do MpD às camaras municipais sobressaem o regresso do actual presidente da Câmara Municipal da Boa Vista, José Luís Santos, que tinha concorrido pela lista BASTA e que concorre agora pela lista do MpD; o ex-autarca Pedro Alexandre Rocha que encabeça a lista do MpD para a Câmara Municipal de Santa Cruz; e Lourenço Lopes que concorre pela segunda vez à presidência da Câmara Municipal dos Mosteiros.
Do lado do PAICV surge o ex-autarca de São Filipe cuja candidatura independente, que há quatro anos foi derrotado pela candidatura de Jorge Nogueira à mesma edilidade, mas que agora encabeça a lista do PAICV para a Câmara Municipal de Santa Catarina.
Para o analista político António Ludgero Correia as várias candidaturas surgidas, inclusive do empresário italiano, demostram que os cidadãos acreditam cada vez mais nas virtualidades da cidadania para a resolução de seus prolemas, para a satisfação das demandas das comunidades. Na sua opinião, os eleitos municipais fazem malabarismos para pintarem tudo de azul, mesmo quando o mais crédulo membro da comunidade tem consciência de como as coisas estão realmente.
“Se lhes fosse permitido candidatarem-se ao parlamento é que seria o bom e o bonito. Está-se esgotando a esperança dos cidadãos em dias melhores sob a batuta dos eleitos em listas de partidos, sempre predispostos a defenderem a sigla sob a qual foram eleitos, relegando para plano secundário as aspirações e as demandas das comunidades que representam ou deviam representar”.
Ludgero Correia acredita que depois das proezas protagonizadas por edis que são gestores profissionais, a tendência deveria ser a aposta nesse nicho de profissionais. “A manutenção da aposta em Óscar Santos, o retorno de Eugénio Veiga, etc., são tímidas manifestações do perfil dos futuros candidatos a Presidente de Câmara”, considera.
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Campanha decorre de 8 a 23 de Outubro
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou esta terça-feira que a campanha para as eleições autárquicas irá decorrer de 8 a 23 de Outubro.
Conforme o timing apresentado pela CNE, os partidos, as coligações ou grupo de cidadãos devem apresentar entre 5 e 15 de Setembro as suas candidaturas junto dos tribunais de comarca dos respectivos círculos eleitorais.
Já o sorteio das listas admitidas pelos magistrados judicias para a atribuição da ordem das candidaturas nos boletins de voto realiza-se no dia 25 de Setembro.
Apresentadas as candidaturas, o sorteio das listas admitidas pelos magistrados judiciais para efeito de atribuição da ordem nos boletins de voto acontece no dia 25 de Setembro.
De acordo com o calendário apresentado pelo vice-presidente da CNE, Amadeu Barbosa, a partir do dia 26 de Agosto, ou seja, 60 dias antes das eleições, ficam igualmente proibidas as cerimónias públicas de lançamento de primeiras pedras e inaugurações e a aprovação ou concessão de subvenções, donativos, patrocínios e contribuições, a particulares como forma de garantir o princípio da neutralidade e a imparcialidade das entidades públicas.
Em relação às formas de realização das acções de campanha, devido à pandemia da Covid-19, Amadeu Barbosa disse que a CNE está a estabelecer os contactos necessários com a Direcção Nacional de Saúde e outros intervenientes para programarem e definirem quais as balizas a serem respeitadas durante a campanha eleitoral e que nos próximos dias as directrizes serão dadas a conhecer aos partidos políticos e à sociedade civil.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 976 de 12 de Agosto de 2020.