MpD apresentou na passada sexta-feira os seus candidatos às eleições autárquicas deste ano. Manuel de Pina e José Pedro Soares não se candidatam às Câmaras Municipais de Ribeira Grande de Santiago e Tarrafal de Santiago, respectivamente.
“Os dois não se candidatam a pedido dos próprios”, explicou António Maurício dos Santos, presidente da comissão das autárquicas do MpD.
Para o lugar destes dois autarcas entram Celso Soares (Tarrafal) e Domingos Mendes (Ribeira Grande de Santiago).
De resto, e tendo em conta “as sondagens efectuadas dentro do partido”, como referiu a secretária geral do MpD, Filomena Delgado, não há grandes alterações nos nomes que deram a vitória ao MpD nas autárquicas de 2016.
As novidades são a entrada de José Martins como candidato à Câmara Municipal da Ribeira Brava, em São Nicolau, e de José Luís Santos que em 2016 se candidatou – e venceu – como candidato do grupo independente BASTA.
Do lado do PAICV há ainda algumas indefinições.
Não se sabe, por enquanto, quem vai avançar como candidato à autarquia da capital. Mas há outras.
Paul, Sal e Calheta São Miguel são autarquias que também ainda não têm candidato definido. No entanto, fonte do PAICV garantiu ao Expresso das Ilhas que o “anúncio de todos os candidatos será feito em breve”.
Os candidatos do MpD
Em Santo Antão e São Vicente a aposta é na continuidade. Augusto Neves será o candidato à sua sucessão na Câmara Municipal de São Vicente e o mesmo acontece em Santo Antão, com Aníbal Fonseca, Orlando Delgado e António Aleixo que se candidatam, uma vez mais, às autarquias de Porto Novo, Ribeira Grande e Paul.
José Freitas Brito é candidato a continuar à frente da Câmara Municipal do Tarrafal de São Nicolau enquanto José Martins avança como candidato para a Câmara Municipal da Ribeira Brava.
No Sal e no Maio a aposta é na continuidade. Júlio Lopes e Miguel Rosa são os candidatos escolhidos, enquanto na Boa Vista, como já foi referido, a aposta é em José Luís Santos.
Óscar Santos e Clemente Garcia são os candidatos às Câmaras da Praia e São Domingos.
E é aqui que entraria o nome de Jair Fernandes, anunciado como candidato na sexta-feira e substituído por vontade própria na terça-feira por Domingos Mendes (ver caixa).
José Alves Fernandes vai tentar a reeleição em Santa Catarina e Pedro Rocha vai tentar conquistar a Câmara Municipal de Santa Cruz. Carlos Fernandes avança para São Lourenço dos Órgãos, Herménio Fernandes para São Miguel, Ângelo Vaz para São Salvador do Mundo e Celso Soares para o Tarrafal.
No Fogo Jorge Nogueira concorre, uma vez mais, em São Filipe. Lourenço Lopes vai tentar destronar Fernandinho Teixeira em Mosteiros e Alberto Nunes candidata-se em Santa Catarina. Na Brava o candidato vai ser Francisco Tavares.
Os candidatos do PAICV
O Fogo é, talvez, uma das maiores apostas que o PAICV faz nestas autárquicas.
Bastião do PAICV durante décadas, só em 2016 é que o MpD conseguiu vencer duas das três câmaras municipais da ilha do vulcão.
Em São Filipe o escolhido é Nuias Silva, Eugénio Veiga ex-autarca de São Filipe avança com a candidatura para Santa Catarina e Fábio Vieira vai tentar suceder a Fernandinho Teixeira concorrendo para o lugar com Lourenço Lopes, do MpD.
Na Brava é Clóvis Silva, actualmente deputado à Assembleia Nacional, que vai tentar conquistar uma Câmara que o PAICV perdeu para o MpD quando Orlando Balla sucedeu, em 2012, a Camilo Gonçalves. A autarquia bravense é actualmente dirigida por Francisco Tavares, também ele do MpD.
Em Santiago Sul é Nelson Moreira quem se candidata à Câmara da Cidade Velha enquanto Isaías Varela vai tentar reconquistar São Domingos.
Já na zona norte de Santiago, Armindo Freitas avança para Santa Catarina e António Fernandes, ex-deputado à Assembleia Nacional é o candidato a São Lourenço dos Órgãos.
Em Santa Cruz a aposta mantém-se em Carlos Silva.
Em Santo Antão, Odailson Bandeira e Nilton Dias são os candidatos do PAICV para as câmaras municipais de Ribeira Grande e Porto Novo, respectivamente. E em São Vicente é Albertino Graça que vai tentar destronar Augusto Neves.
As candidaturas às Câmaras de Ribeira Brava e de Tarrafal de São Nicolau são lideradas por Carlos Barbosa e João Baptista Soares enquanto Cláudio Mendonça e António Ramos vão avançar para a corrida às Câmaras de Boa Vista e Maio.
De recordar que o MpD está na liderança de 18 das 22 autarquias de Cabo Verde. As excepções são Santa Cruz e Mosteiros (PAICV), Boa Vista (BASTA) e Ribeira Brava (independente).
Não há mulheres
Até ao momento, e lembramos que ao PAICV faltam apresentar candidaturas a três câmaras municipais, há apenas homens a concorrer às eleições autárquicas deste ano.
Uma situação que já mereceu críticas de vários quadrantes da sociedade.
Lígia Fonseca, Primeira-dama, foi uma das vozes que se levantaram contra esta situação.
“Não importa se a Lei da Paridade publicada a 28/11/2019 é ou não aplicável a estas eleições autárquicas. O MpD e o PAICV votaram a favor desta lei e fizeram declarações de voto fortes sobre a importância da paridade nos cargos de liderança política”.
“Concordo que o partido”, neste caso o MpD, “deve escolher os melhores candidatos e não deve mudar alguém que está a fazer um bom trabalho e tem avaliação positiva do seu eleitorado pelo simples facto de ser homem. Isso seria uma discriminação proibida pela Constituição. Mas tendo-se colocado a possibilidade de fazer novas escolhas em 4 municípios, o MpD tinha o dever moral e político de ter aproveitado essas 4 possibilidades para integrar mulheres”, escreveu no Facebook.
Mas também o PAICV é alvo de reparo quando afirma que em relação ao maior partido da oposição “poderemos ver se indicam alguma mulher para a presidência das Câmaras onde as sondagens mostram que podem continuar a ganhar ou têm chances de ganhar pela primeira vez. Esse é que é o teste. Indicar mulheres onde sabem que as chances são mínimas, é fácil porque os homens não estão tão disponíveis para arriscar e de bom grado cedem o lugar”.
Também o ICIEG estranhou a ausência de candidaturas no feminino e apelou em comunicado divulgado na internet ao respeito pelo espírito da Lei da Paridade e correcção de “desequilíbrios de género” na política em Cabo Verde.
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Candidato na sexta, desiste na terça
Jair Fernandes foi anunciado, na sexta-feira como candidato do MpD à corrida autárquica que se vai disputar na Cidade Velha.
No entanto, ontem, num texto publicado no Facebook, o PCA do Instituto do Património Cultural anunciava a sua desistência.
“Primeiro por causa dos objectivosque propus a mim mesmo, trazer o património cultural para a agenda pública, visível pelo crescente investimento que o sector tem visto, traduzido em projectos cujo impacto é significativo para o país, caso da classificação da Morna a Património da Humanidade, da Reabilitação do património edificado, das reformas institucionais e legislativas”.
“Posso servir o país de forma muito mais vincado, continuando o trabalho que a equipa do Instituto do Património Cultural, tem desenvolvido sob minha liderança”.
O partido foi rápido a escolher uma alternativa. Domingos Mendes, vereador da actual equipa camarária, vai avançar como candidato.
“A Ribeira Grande e os seus munícipes precisam e merecem uma equipa autárquica coesa e unida. E o Dr. Domingos Mendes é hoje a personalidade que pode liderar um projecto de desenvolvimento social e económico que beneficie toda a comunidade da Ribeira Grande de Santiago, congregando à sua volta, e à volta do seu projecto, um apoio, político e social, muito alargado”, disse o partido no mesmo comunicado.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 968 de 17 de Junho de 2020.