Em conferência de imprensa proferida hoje, o presidente da Comissão Política Regional (CPR) do partido, Alcides Graça, referiu que não se pode prever as consequências das cheias, mas que os responsáveis municipais não devem contribuir para o agravamento das condições urbanísticas “precárias” da cidade.
“Quem cria lotes de terrenos nas ribeiras, bloqueando o caminho da água, está a contribuir para o perigo que a força da natureza pode representar com a queda das chuvas fortes. Quem concede um lote de terreno, tapando conscientemente o caminho da água da chuva, encravando uma moradia, sabe que em caso de chuva a família corre risco de vida, deve ser responsabilizado pelas consequências inerentes. Quem concede lotes de terrenos nas encostas, sem qualquer plano urbanístico e sem criar todas as condições de segurança está a contribuir para o perigo de vida de muitas famílias em caso de chuva”, entende.
O responsável político, que responsabiliza a edilidade Mindelense pela situação, apela a que seja feito um balanço dos estragos em São Vicente, à semelhança do que aconteceu na cidade da Praia, para que as famílias afectadas pelas cheias do último fim-de-semana possam ser socorridas. Alcides Graça refere que, pelo que constatou no terreno, muitas famílias estão em situação difícil.
“As cheias invadiram casas, levando todos os pertences de algumas famílias, destruíram paredes, abalaram casas que cederam e estão em perigo de derrocar. Muitas pessoas estão literalmente na rua porque têm medo de regressar às suas casas por causa do risco de desabamento”, aponta.
O presidente da Comissão Política Regional do PAICV não tem dúvidas que o sistema de drenagem da ilha não funcionou.
“Claro que não. Basta visitar a Laginha e ver que de facto o sistema de drenagem não funcionou, e com uma contribuição muito grande da irresponsabilidade do município de São Vicente que tapou o caminho da água naquela ribeira”, acusa.
Perante o cenário traçado, o PAICV apela ao Governo e à Câmara Municipal de São Vicente no sentido de acudirem as famílias afectadas.
Recorda-se que, esta semana, em entrevista à Rádio de Cabo Verde, o vereador da Protecção Civil e Segurança da Câmara Municipal de São Vicente, José Carlos da Luz, informou que 12 famílias que ficaram desalojadas foram instaladas, provisoriamente, na escola de Monte Sossego.
Em nota de imprensa, o Governo informa que o ministro-adjunto do Primeiro-Ministro e da Integração Regional, Rui Figueiredo Soares, visita, de hoje até Domingo, as ilhas de São Vicente e Santo Antão, onde, juntamente com as Câmaras Municipais irá fazer um balanço in loco dos estragos provocados pelas últimas chuvas, de modo a permitir a acção concertada dos poderes públicos.
A chegada do governante a São Vicente está prevista para hoje às 15h30. Às 16 horas inicia uma visita no terreno.