“Estamos perante um negócio, chamado de privatização, que não nos trouxe absolutamente nada. Não nos trouxe mercado, não nos trouxe capital e não nos trouxe experiência nenhuma”, declara.
Segundo Rui Semedo, trata-se de um "negócio onde o parceiro estratégico ganha tudo e Cabo Verde perde tudo e em toda a linha a começar por um aluguer (leasing) absurdo, em condições muito desfavoráveis se comparado com os preços praticados no mercado normal de transportes aéreos".
“Todos devem estar lembrados que estamos perante uma privatização em que o vendedor em vez de receber, pagou dinheiro ao comprador e que o mesmo parceiro não pagou nem um tostão com relação ao compromisso assumido”, indica.
Rui Semedo disse que o seu partido já tinha alertado sobre este negócio “lesivo aos interesses do país e fê-lo de forma repetida e continuada porque sabia que tinha do seu lado a razão e a verdade”.
“Mesmo quando o Governo simulou a vinda do avião nas vésperas das últimas eleições legislativas, o PAICV teria alertado a todos que estaríamos perante uma encenação com o fim exclusivamente eleitoralista e que o avião não iria voar para nenhum país”, assegura.
Para o presidente interino do PAICV, o seu partido tinha razão porque o avião de facto "não conseguiu realizar um único voo desde que chegou para testemunhar as eleições e garantir alguns votos" ao MpD e a Ulisses Correia e Silva.
“Hoje todos sabemos que o país foi literalmente enganado, mas já não se pode fazer mais nada porque as eleições já foram feitas, os resultados já foram proclamados e o Governo já foi investido”, continua.
Conforme disse, o próprio Governo não estava interessado que o avião levantasse voo, "pois se fosse sua vontade ver o avião no ar, acreditem que o avião voava de facto, porque o mesmo Governo que obrigou a ASA a investir neste saco sem fundo, pagando até o salário dos trabalhadores, conseguiria de certeza convencer a ASA a autorizar aquela operação".
“A situação poderia ser resolvida desde que os donos dos aviões ou, se quisermos, o parceiro estratégico, retirou todos os seus aparelhos para serem colocados num lugar onde o Governo de Cabo Verde não podia fazer absolutamente nada”, assegura.
Conforme disse o seu partido continua a defender que negócios desta natureza devem ser feitos com transparência, com rigor, com envolvimento dos sujeitos políticos e com firmeza na defesa dos interesses nacionais.
“E a pergunta que fica no ar, é que se não é chegada a hora de as autoridades competentes investigarem, a fundo, os contornos deste negócio que tanto prejuízo já deu a Cabo Verde”, questiona.