O candidato a Presidente da República Fernando Delgado reconheceu esta terça-feira que a ilha do Sal tem “grande potencial” turístico, mas lamentou a ausência de diversificação do produto que oferece, o que “faz a ilha sofrer”.
Fernando Delgado chegou ao Sal e focou o discurso no turismo, nos vários contactos que manteve nas zonas de Hortelã de Baixo, Bairro e Chã de Fraqueza, na rua, numa barbearia, numa mercearia, num salão fitness ou num mercado de venda de roupas.
O candidato considerou que, se for eleito, vai exercer o poder de influência e reforçar junto dos técnicos do sector turístico “uma aposta num outro tipo de turismo” porque a ilha do Sal “está sem escolha”. Daí, continuou, a necessidade de “juntos” procurarem “um outro caminho” para o desenvolvimento deste sector.
O turismo foi ainda pretexto para Fernando Delgado criticar “alguns candidatos” que estão “a esbanjar dinheiro em materiais de campanha”, sem que dessem um sinal de ajudar aqueles que, nas ilhas do Sal e Boa Vista, “sofreram e ainda sofrem” com os efeitos da pandemia.
Já na ilha da Boa Vista, o candidato Carlos Veiga defendeu que a “revisão constitucional, se necessária”, para a melhorar integração política dos emigrantes cabo-verdianos, prometendo mesmo levar este projecto ao debate caso vença as eleições.
Carlos Veiga manifestou esta inquietação no comício realizado na noite de terça-feira, na cidade de Sal-Rei, na Boa Vista, clarificando, entretanto, que o Chefe de Estado não pode proceder à revisão constitucional, mas sim discutir esta matéria, reafirmando que pretende ser um Presidente que consiga dar a devida atenção à vasta comunidade cabo-verdiana emigrada.
Reafirmou que entre os sete candidatos na corrida ao Palácio Presidencial, ele é o único “independente, dotado de espírito do diálogo” e que reúne condições para reunir esforços de todos os órgãos de soberania para garantir a estabilidade política.
Carlos Veiga foi peremptório ao afirmar que nesta corrida existem vários candidatos que se posicionam contra os poderes eleitos em Abril último.
Em Santo Antão está o candidato Hélio Sanches que prometeu esta terça-feira, caso seja eleito Presidente da República, homenagear os filhos e vítimas da tortura de 31 de Agosto, como acto de reconhecimento pela luta da democracia e dignidade do povo.
“Prometo a todas as vítimas de 31 de Agosto, que a partir do dia 17 de Outubro, quando for Presidente República, filhos e vítimas vão ser condecorados, como um acto simbólico, mas de reconhecimento pela luta que fizeram pela democracia e dignidade do povo de Santo Antão”, assegurou.
Hélio Sanches, que continua a sua acção de campanha em Santo Antão, vai estar na localidade do Tarrafal de Monte Trigo e Planalto Norte, onde irá partilhar e apresentar as suas propostas ao leitorado destas zonas.
“Povo de Santo Antão é um povo digno, e por isso que lutaram contra o regime de partido único, houve mortes, mas que valeu a pena porque 31 de Agosto foi o inicio da democratização em Cabo Verde, do meu ponto de vista”, considerou.
Na ilha de Santiago, o candidato José Maria Neves classificou esta terça-feira, de “preocupante” a situação dos transportes em Cabo Verde, e afirmou que se for eleito vai influenciar a solução do problema.
José Maria Neves, que falava durante um mini-comício na Cidade Velha, disse que de tantas campanhas que já realizou, esta é a que está a experimentar maiores problemas devido aos “complicados problemas” de transportes.
“Nunca tivemos tantas dificuldades para fazer a campanha nas ilhas. Nem sei se consigo estar em todas as ilhas, porque estamos com problemas complicados de transporte. Eu já fiz muitas campanhas em Cabo Verde, em todas as campanhas desloquei-me a todas ilhas, sem nenhum problema. Não podemos andar para trás”, disse.
Assim como nos transportes, afirmou que há problemas no sector da justiça, a nível de acesso à saúde, educação entre outras áreas, cuja resolução deve ser exigida pelo mais alto magistrado da Nação, enquanto garante da Constituição.
Em São Vicente, o candidato Joaquim Jaime Monteiro, defendeu esta terça-feira, que Cabo Verde precisa de um “estadista” para servir o povo cabo-verdiano e não de políticos “infanto-juvenis”.
Depois de passar pela Praça Nova, atravessar a rua de Lisboa, no centro do Mindelo, Joaquim Monteiro garantiu aos jornalistas, já no interior do mercado municipal, que como Presidente da República vai direccionar Cabo Verde para um “caminho diferente”.
Segundo o auto-intitulado “candidato do povo”, ao longo dos tempos o país tem sido governado por políticos “infanto-juvenis” que só querem “encher os bolsos”.
“A política de bolso cheio já está instalada e instituída em Cabo Verde e aquele que não é corrupto é marginalizado e perseguido”, denunciou Joaquim Monteiro, garantido que, se for eleito, “não vai permitir este estado de coisas”.
Também em São Vicente, o candidato Gilson Alves garantiu que vai “rasgar” o acordo de pesca com a União Europeia, que tem feito o peixe se tornar em “algo raro” em Cabo Verde e sem rendimentos para os pescadores.
Mencionando o seu “amor” de infância pelo mar, Gilson Alves, que nasceu no Porto Novo, Santo Antão, uma localidade piscatória, relembrou que antigamente até as crianças conseguiam pescar uma “grande quantidade” de peixe com “apenas alguns metros de linha” e “a ideia de fome não existia nas suas cabeças”.
Mas, ajuntou, o que se ouve dos pescadores cabo-verdianos é que “não existem peixes no mar” e estes se tornaram “algo raro, uma sorte”.
“E o Governo achou por bem fazer um acordo de pesca, que nos dá 150 mil euros por ano para virem fazer o que bem entender, teoricamente existem cotas, mas quem está a fiscalizar as cotas?” questionou, adiantando que tal situação já foi denunciada por “especialistas” da associação Biosfera.
Na ilha de São Vicente, o candidato Casimiro de Pina afirmou-se esta terça-feira, como uma voz a favor da descentralização e da “libertação” das ilhas enquanto condição para desenvolvimento.
“Para mim é uma obrigação constitucional descentralizar, pois, assim como a regionalização, é uma dinâmica de liberdade que ajudará o crescimento económico, criação de mais empregos e fixação das pessoas nas suas referidas ilhas”, disse, apesar de reconhecer que o modelo para descentralização e regionalização deve ser do Governo e dos partidos políticos que deverão debater qual o melhor modelo a seguir.
O candidato à Presidência da República sustentou ainda que para o debate sobre a descentralização e regionalização, a sociedade civil assim, como as universidades, podem ajudar na construção de cenários e pistas científicas.
O importante, segundo disse, é que a discussão sobre a matéria se faça com dados cientificamente viáveis, alegando, no entanto, que não vale a pena debater o tema com palpites.
Em São Vicente e Santo Antão promete, enquanto candidato, levar uma mensagem de confiança assim como tem levado aos vários concelhos por onde já passou.