José Maria Neves falava aos jornalistas, após conferir posse aos novos órgãos superiores da sociedade nacional da Cruz Vermelha de Cabo Verde (CVCV), e disse que a instituição e todas outras públicas e privadas devem-se preparar-se para os desafios, uma vez que a guerra desencadeada na Ucrânia irá tornar a conjuntura “ainda muito mais difícil”.
O chefe de Estado instou as famílias, empresas, instituições, poder central e local no sentido de adoptarem “a cultura da poupança e evitar o consumismo”, tendo em vista a crise que o País tem vindo a enfrentar por efeito dos três anos consecutivos de seca, da pandemia da covid-19 e da invasão russa à Ucrânia.
“Temos de ter aqui uma postura absolutamente pedagógica quanto ao futuro e as consequências ainda são inimagináveis, sendo que estamos a ver o aumento dos preços dos combustíveis, vai haver aumento e problemas na distribuição de determinados bens essenciais como o milho, o trigo, fertilizantes e as consequências financeiras a nível mundial”, apontou.
José Maria Neves enalteceu o trabalho “extraordinário” que a Cruz Vermelha de Cabo Verde tem feito ao longo desses anos, mas apelou a instituição a fazer “uma gestão criteriosa” e gerir “com cuidado” os bens colocados à sua disposição.
“Temos de ter consciência que estamos numa conjuntura muito difícil e agora a guerra na Europa que vai por um lado encarecer as matérias primas, vai despoletar uma escalada de aumento de preços generalizado e vai ter consequências também a nível de bens alimentares, e sendo um País extremamente vulnerável temos de cuidar da nossa segurança alimentar”, constatou.
Para o chefe de Estado, os países têm de ter a consciência das dificuldades que o arquipélago está a passar, consequências essas que são “ainda incalculáveis”, que o País deve ter em conta, perante as mudanças geopolíticas que estão em curso e que estão a gerar “uma nova ordem mundial”.
“Aqui temos que ser muito prudentes, inteligentes e todas as instituições, a começar pelas públicas, devem ter muito cuidado na gestão dos bens públicos e devem cuidar como transparência, equidade, prestação de contas e com uma perspectiva clara de sustentabilidade e responsabilidade social governar todas as instituições existentes no País”, sublinhou.
Nesta mesma linha, apelou a Cruz Vermelha a gerir com “muito cuidado” os bens que são colocados à sua disposição, nomeadamente as receitas provenientes da concessão dos jogos sociais, mas também todas as outras instituições públicas e privadas e prepararem-se para os desafios que se avizinham.
Perante as mudanças geopolíticas em curso, o Presidente da República considerou que Cabo Verde como um País pequeno deve posicionar-se “de forma inteligente” e adaptar-se às alterações que estão a acontecer.
Na ocasião, afirmou que desde o primeiro momento a CVCV tem vindo a ajudar com o seu “meritório trabalho” na mitigação das consequências das várias situações adversas por que Cabo Verde tem passado, quase todas derivadas das condições naturais do arquipélago.
O chefe de Estado encorajou ainda a Cruz Vermelha, juntamente com demais instituições afins, a se empenhar numa “boa política nacional de prevenção de catástrofes”, incluindo naturalmente a educação das pessoas, que é “uma vertente essencial para a cidadania”.
A cerimónia contou com a intervenção dos presidentes da Cruz Vermelha de Cabo Verde, de Portugal e do Senegal.