Rosa Rocha, referindo-se a dados avançados por organismos internacionais sobre a insegurança alimentar em Cabo Verde, lembrou que “há muito tempo tem estado a alertar para “a situação de precariedade” das populações, que tende a degradar-se, sobretudo nas ilhas agrícolas, como Santo Antão.
“Há muito que temos vindo a alertar para a situação de precariedade de uma significativa franja da população, que tende a degradar-se com maior incidência nas ilhas onde a agricultura é o principal sector de actividade”, sublinhou a parlamentar.
Para Rosa Rocha, “os chamados planos de emergência” que o Governo tem estado a implementar para mitigar efeitos da seca têm-se mostrado “inadequados e absolutamente insuficientes para fazer face à situação”.
A deputada do PAICV acusou o Governo de ignorar a situação reinante na ilha de Santo Antão, “contando com os aplausos dos deputados do MpD (poder) eleitos pelo povo para o defender”.
“A recente visita dos deputados do MpD a Santo Antão e as declarações públicas em jeito de balanço, pintando a situação da ilha de Santo Antão ‘rosa’, é disso exemplo. Preferem agradar o MpD e o Governo para assegurar os seus lugares no pódio do que enfrentar a realidade e contribuir para a resolução dos problemas que quem os elegeu está a enfrentar”, concluiu.
O presidente da Associação dos Municípios de Santo Antão, Aníbal Fonseca, disse em meados deste mês de Maio, durante o simpósio sobre sistemas alimentares sustentáveis, que esta ilha vive, actualmemte, “períodos críticos e difíceis” por causa da seca que atinge as populações há cinco anos seguidos.
A pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia acabaram por agravar a situação, ameaçando os sistemas alimentares, sobretudo os mais frágeis, como é o caso de Cabo Verde, adiantou este autarca, alertando para “situações em que, por um lado, há pessoas com carência alimentar séria” e, por outro, há perdas, e muitas vezes até desperdícios, de alimentos”.
Na abertura do simpósio, o próprio ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, admitiu que a escalada de preços dos produtos alimentares básicos por causa da guerra na Ucrânia está a impactar a segurança alimentar e nutricional em Cabo Verde.