“Não obstante todo este imbróglio, o Governo, que tem a tutela da legalidade sobre as autarquias locais, parece não estar preocupado com a situação por que passa o município de São Vicente e tem agido com descaso perante o assunto”, assegura.
Adilson Jesus recorda que o impasse que se regista na autarquia pode, em última instância, levar à realização de eleições antecipadas, ”situação que ninguém deseja”.
“Deveríamos criar as condições para que, em diálogo, se resolva esta situação. Não desejamos que haja eleições neste momento e aqui o governo deverá ser parceiro da ilha e, politicamente, agir antes que haja necessidade de acções jurídicas e administrativas, para resolver esta situação”, sublinha.
O presidente da CPR do PAICV lembra que o país está em situação de emergência social e económica e que os recursos disponíveis “devem ser utilizados para ajudar a população”.
Recorde-se que o governo enviou na semana passada uma delegação a São Vicente para se reunir com as partes envolvidas no impasse na governação municipal. Contudo, o responsável partidário local considera que a “acção de averiguação e auscultação, não terá nenhuma consequência, jurídica, administrativa ou política”, notando que o actual contexto “exige” a intervenção do primeiro-ministro ou a ministra da Coesão Territorial.
Adilson Jesus critica também o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, que responsabiliza pelos “seis meses de ausência da Câmara Municipal de São Vicente e mais de 12 sessões camarárias não realizadas”.
O MpD venceu as eleições de 25 de Outubro de 2020, em São Vicente, mas sem maioria absoluta. Na câmara, conseguiu quatro mandatos. A UCID elegeu três vereadores e o PAICV dois. Desde então, são várias as denúncias, de ambos os lados, sobre a falta de entendimento na gestão da autarquia, entre os partidos da oposição e o presidente eleito. Em 27 de Julho de 2021, foi estabelecido um memorando de entendimento mas que, segundo a oposição, não produziu efeitos práticos.