Para os democratas-cristãos, a falta de resultados práticos em sectores-chave como transportes, saúde, segurança e economia mostram que “a comunicação do chefe do governo foge da realidade nua e crua que se vive no país”.
Em conferência de imprensa, realizada hoje, na sede do partido, em São Vicente, João Santos Luís afirmou que o contexto de crise tem sido usado para esconder a “má governação”.
“O primeiro-ministro culpabiliza sempre o contexto da crise pela não apresentação de melhores resultados da governação, mas nunca teve e ainda não tem a coragem de reduzir a máquina governativa, que é a mais longa da história de cabo-verde, em plena crise, justificando sistematicamente que o governo não pode ser avaliado pela extensão dos seus membros, mas sim pelos resultados da governação. No entanto, o governo tem demonstrado ineficácia e ineficiência nas suas actuações em diversos sectores e os resultados desta governação estão muito aquém do esperado pelos cabo-verdianos”, assegura.
Dados do governo apontam que a economia recuperou da queda provocada pela pandemia de covid-19 em 2020, tendo registado, no ano passado, um crescimento de 17,7% do Produto Interno Bruto (PIB), muito graças à retoma da actividade turística.
De acordo com o líder da UCID o crescimento foi obtido à custa da alta inflação que “ainda sufoca as famílias” e acusa o governo de “incapacidade” na implementação de medidas para melhorar o poder de compra da população.
“Concordamos que o país tem de crescer em 2023, mas gostaríamos que este crescimento fosse conseguido com base numa verdadeira retoma económica e em iniciativas de investimentos, sobretudo privados, ao contrário do que se verificou com o crescimento económico do ano de 2021 e 2022 que foi obtido com base na alta taxa de inflação sem que qualquer iniciativa de reforma fiscal fosse tida em conta. Portanto, somente à custa das famílias cabo-verdianas, ou seja, do consumo, através dos preços exagerados de produtos e serviços”, refere.
O primeiro-ministro assinalou, esta segunda-feira, os dois anos do segundo mandato, destacando a recuperação da contração económica de 19,3% em 2020, devido à covid, tendo assegurado que o governo está a cumprir os objectivos traçados relativamente à retoma e diversificação económica, redução da pobreza e melhoria dos indicadores sociais.