Em conferência de imprensa realizada hoje, na sede, em São Vicente, numa reacção ao plano estratégico apresentado pelo governo para erradicar a pobreza, o presidente da UCID recordou que as prioridades definidas pelo governo não têm tido efeitos práticos.
“A estratégia definida pelo governo para erradicar a pobreza extrema em 2026 e reduzir a pobreza absoluta em 2030, baseada nos pressupostos de expansão do Rendimento Social, promoção de Rendimento de Inclusão e expansão da cobertura da pensão social, afigura-se-nos como medidas complementares e, em abono da verdade, atingir estes objectivos será uma utopia, caso não se aposte fortemente em medidas primárias que poderão dar suporte (…). Importa salientar que o país precisa fortalecer a sua estrutura económica, para que as medidas anunciadas pelo Sr. Primeiro-Ministro possam ter aplicação e sustentabilidade”, aponta.
O líder dos democratas cristãos volta a chamar a atenção para a necessidade de se apostar nos sectores primários da economia.
“Para que possamos ter um tecido económico pujante, que ajude o país a resistir aos choques externos. Aliás, esta chamada de atenção tem sido feita pelos organismos internacionais aos governantes do país. Infelizmente, ainda existem milhares de pessoas a trabalhar durante 10, 20, 30 anos no mesmo lugar com salários de miséria, que não lhes dão para resolver os seus problemas familiares básicos e que não conseguem acompanhar a alta dos preços de produtos que se verifica nos últimos tempos”, afirma.
João Santos Luís entende que sem se resolver a questão salarial, não se pode falar na redução da pobreza.
“Como é que vai ele [o Primeiro-ministro] conseguir reduzir a pobreza absoluta sem ao menos tentar resolver o problema da estrutura salarial do país? Os cabo-verdianos não querem estar de mãos estendidas à espera de esmolas do governo em anos pré-eleitorais, para no ano seguinte serem utilizados pelo partido no poder para ganhar mais uma vez as eleições e continuarmos na mesma situação”, adverte.
A UCID nota que em sete anos de exercício, o governo liderado por Ulisses Correia e Silva ainda não deu sinais claros de criação de condições para a resiliência económica, necessária para gerar riqueza e postos de trabalho.