​Negociações na COP28 ainda aquém das expectativas – Tânia Romualdo

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,7 dez 2023 7:42

Tania Romualdo
Tania Romualdo(Fretson Rocha/Rádio Morabeza)

A eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, a operacionalização do Fundo de Perdas e Danos e a avaliação da situação global sobre o combate à crise climática são pontos que continuam aquém das expectativas nas negociações que decorrem na COP28, no Dubai. Quem o diz é Tania Romualdo, Embaixadora e representante de Cabo Verde junto das Nações Unidas.

A representar o arquipélago nas negociações, que ainda decorrem a nível técnico, a responsável afirma que apesar da abertura dos Estados-membros para o diálogo, o ritmo actual não satisfaz. Declarações proferidas, esta quarta-feira, à Rádio Morabeza, que acompanha a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas nos Emirados Árabes Unidos.

“As negociações estão a correr bem, no sentido em que há uma vasta abertura, digamos assim, para negociação e para diálogo. Quanto aos resultados, estamos a chegar ao final da primeira semana. Infelizmente, não estamos ainda a ver o ritmo que gostaríamos de ver nessas negociações e estamos muito aquém das expectativas que estão sobre a mesa. A questão do do fossil fuel, a questão da operacionalização do fundo de perdas e danos e a questão, essa parece-me ser a que neste momento está mais atrasada em termos de negociação, que é da avaliação global”, aponta.

A nível das negociações, Cabo Verde participa nos grupos das três regiões a que pertence: a Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), o Grupo Africano e o G77 + China. Na COP há dois grandes grupos: o Grupo dos países do Norte, considerados os maiores emissores e os que contribuíram para a situação actual do planeta, e o outro grupo dos chamados países do Sul, do qual Cabo Verde faz parte, que são as maiores vítimas das mudanças climáticas e que maiores dificuldades têm no acesso aos mecanismos de financiamento. Tania Romualdo explica que os interesses são diferentes.

“Como sabe, muitos países dependem, por exemplo, da produção de petróleo e então, obviamente, para eles o phasing out representa também a perda de ganhos evidentes. Para o Sul, para além da necessidade de conseguir melhor combater o efeito das mudanças climáticas, precisam ter esse acesso facilitado aos mecanismos de financiamento, precisam de financiamento para a mitigação, precisam de financiamento para a adaptação. Uma coisa implica a outra, então são grupos com interesses claramente, não diria divergentes, mas diferentes”, diz.

O Secretário Executivo das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Simon Stiell, disse esta quarta-feira que a questão financeira deve ser colocada no centro das atenções dos negociadores e dos Estados-membros para salvar vidas agora e acelerar a acção climática. Tania Romualdo afirma que é este o caminho.

“É evidente que sim, a tónica está aí. Por mais que haja declarações e compromissos, se elas não forem seguidas de efetiva libertação dos financiamentos necessários para, fica tudo num vazio. É no fundo o que se viu com o Acordo de Paris, foram feitas promessas, foram assumidos compromissos, mas esses não foram cumpridos. Não sendo cumpridos, portanto também não conseguimos atingir as metas que se pretende”, refere.

A representante de Cabo Verde junto das Nações Unidas refere que a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis é obrigatória, por uma questão de sobrevivência do planeta e da humanidade, mas que os timings neste momento poderão não estar ao mesmo nível para todos os grupos. As negociações entram numa segunda fase na próxima sexta-feira, para o nível ministerial. 

A Rádio Morabeza está no Dubai a convite da CFI - agence française de développement médias.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,7 dez 2023 7:42

Editado porAndre Amaral  em  4 mai 2024 23:28

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