“É indiscutível os ganhos que o país independente e democrático alcançou ao longo dos 50 anos”, afirmou o presidente do Parlamento durante a sessão solene da independência, lembrando que Cabo Verde soma progressos importantes em áreas como a saúde, a educação, a justiça e a economia.
“Apesar dos ganhos, temos enormes desafios pela frente”, alertou.
Entre os avanços destacados, Correia referiu que, mesmo perante as múltiplas crises internacionais, o país registou, em 2024, um crescimento económico de 7,3%, e prepara-se para entrar, a partir de 2026, no grupo de países de rendimento médio alto. “Motivo de orgulho, mas também de responsabilidade”, observou.
Na saúde, destacou a redução da mortalidade infantil e materna, a melhoria da esperança média de vida, que passou de menos de 60 anos em 1975 para mais de 73 anos em 2023, e a cobertura vacinal que se mantém acima dos 95%. J
á no sector educativo, sublinhou a quase eliminação do analfabetismo, o acesso generalizado ao ensino básico e a expansão do ensino técnico e superior.
Contudo, perante o simbolismo do cinquentenário, Austelino Correia chamou a atenção para os problemas que persistem e carecem de intervenção estruturada e continuada.
Mencionou, entre outros, o défice habitacional, a qualidade do ensino superior, a questão da conectividade aérea e marítima entre as ilhas e os impactos da transição demográfica e epidemiológica.
“O país enfrenta uma dupla transição: o envelhecimento gradual da população e o crescimento da carga de doenças crónicas não transmissíveis”, advertiu.
Nesse sentido, reforçou a necessidade de um Serviço Nacional de Saúde mais capacitado, com enfoque na prevenção, nos cuidados continuados e na sustentabilidade do sistema.
O PAN defendeu também que o combate à pobreza e ao desemprego, em particular entre os jovens, deve continuar a ser uma prioridade nacional. E apelou para que os transportes interilhas sejam encarados como “um desígnio nacional, e não como arma de ameaça política”.
Reiterando a importância das instituições, AustelinoCorreia salientou que os homens vão e as instituições ficam, pelo que defendeu o investimento contínuo na sua credibilidade, eficácia e independência.
“Celebramos os avanços de Cabo Verde, fruto dos esforços do nosso laborioso e resiliente povo, sob sábia direção dos políticos do nosso país e pela função responsável dos principais actores sociais”, pontuou.
Na cerimónia solene, marcada por presenças nacionais e internacionais, Austelino Correia lembrou que a independência foi conquista do povo e que, hoje, os maiores recursos do país são intangíveis.
“A democracia, o primado da lei, os direitos humanos, a paz, a estabilidade política e a fé — são estes os pilares que sustentam o nosso Cabo Verde”, reforçou.