Segundo o relatório agora revelado, do total de 22.592 inscritos, 9.158 estão no ensino universitário, dos quais 5.106 são mulheres e 4.052 homens. No ensino politécnico, 13.434 estudantes estão inscritos, sendo 7.525 mulheres e 5.909 homens.
Os estudantes cabo-verdianos demonstram preferência por determinadas instituições de ensino. Nos institutos politécnicos, destacam-se o Instituto Politécnico de Bragança (5.361 estudantes), seguido pelo Instituto Politécnico de Lisboa (1.096) e o Instituto Politécnico de Castelo Branco (994).
Quanto às universidades mais procuradas, destacam-se a Universidade de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa e a Universidade de Évora.
No que diz respeito às áreas de estudo mais populares entre os estudantes cabo-verdianos em Portugal, as principais são Ciências Empresariais e Administração (4.481 estudantes), Engenharia e Tecnologias Afins (3.731) e Saúde (2.722).
O relatório também aborda o número de inscritos por ciclos de estudos. No curso de doutoramento/3º ciclo, há 736 estudantes cabo-verdianos, sendo 432 homens e 304 mulheres.
No mestrado/2º ciclo, estão inscritos 5.634 estudantes, sendo 3.096 mulheres e 2.538 homens. Já no curso de licenciatura/1º ciclo, encontram-se inscritos 14.058 estudantes, com 8.070 mulheres e 5.988 homens.
Destaca-se ainda a liderança do Instituto Politécnico de Bragança como a instituição mais procurada por estudantes cabo-verdianos em termos de número de inscritos.
Além disso, o relatório menciona a presença de estudantes cabo-verdianos em cursos de especialização, pós-licenciatura, especialização tecnológica e cursos Técnico Superior Profissional, evidenciando a diversidade de áreas de estudo exploradas por essa comunidade académica em Portugal.
Relatório
Clara Carvalho, do Centro de Estudos Internacionais do Instituto Universitário de Lisboa, explicou à Lusa que algumas instituições implementam um “Semestre Zero”, permitindo aos alunos familiarizarem-se com a pedagogia e o sistema de ensino, o que tem mostrado ser muito eficaz.
O relatório concluiu que os estudantes africanos não enfrentam falta de competências académicas, mas enfrentam desafios significativos de integração devido à falta de familiaridade com os conteúdos, o método de ensino e, frequentemente, barreiras linguísticas, além de dificuldades económicas em muitos casos.
Entre as recomendações, os autores sugerem a criação de provas de ingresso para estudantes dos regimes especiais que não tenham realizado exames nacionais nos seus países, bem como a implementação de um período de preparação e integração ou um Ano Zero para alunos sem experiência prévia em exames em Portugal.
Além disso, são propostas medidas como a agilização do processo de vistos e o estabelecimento de contactos directos entre instituições de diferentes países para facilitar a integração dos estudantes.
Nos últimos anos, o sistema de ensino superior em Portugal registou um aumento significativo no número de estudantes dos PALOP, com destaque para um aumento de 900% entre 2015 e 2021 entre os estudantes guineenses.
O relatório aponta Angola como o país com maior número de alunos em Portugal durante o período analisado (2015-2021), embora Cabo Verde e a Guiné-Bissau tenham sido os países com maior crescimento nos últimos anos, sendo hoje os dois países com mais estudantes.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1168 de 17 de Abril de 2024.