“Quando pinto, escuto música. Para mim as cores são música em silêncio. O compositor russo Muzarwski compôs uma sinfonia intitulada “Retratos de uma exposição”. Quando escutei a sinfonia há muitos anos, na Suíça, percebi a relação entre estes universos criativos”, conta Tchalé Figueira.
Com vários anos no mundo da arte, o artista plástico tem fascinado o público com a sua obra arrojada e a sua forma de ver o mundo.
“Na minha pintura existem vários mundos distantes. Às vezes, opto por temas que são fruto da minha imaginação. É claro que não pinto à toa, aquilo que pinto são mensagens e reflexões sobre a humanidade, beleza e também a perversidade do ser humano. Pinto as guerras, fomes, violência, mas também o amor, a única e efémera esperança da humanidade”, explica.
A cerimónia de abertura da exposição aconteceu esta quarta-feira, e contou com a presença do Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, da Primeira-dama, Lígia Fonseca, do ex-primeiro-ministro, José Maria Neves e outras personalidades do país.
Segundo Tchalé Figueira, esta exposição traz ainda temas ecléticos variados. “Há uma parte mais do silêncio, das cores e da musicalidade. Há toda essa gama de mundos a falar com os expectadores”.
Por outro lado, Tchalé Figueira defende a necessidade de o país ter uma escola de arte e pede aos jovens que leiam muito, para que o mundo da arte possa evoluir. “Há muitos jovens a pintar, mas sem escola não conseguem alcançar um caminho próprio”.
Nesta exposição, o artista aproveitou para apresentar alguns quadros de “Erotismo”.
Esta exposição acontece no âmbito do ciclo Talentos Consagrados do PCIL, e é realizada pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, através da Direcção-geral das Artes e das Indústrias Criativas, em parceria com a Galeria PauTcha Arts.
“O Silêncio Musical das Cores” fica patente ao público até 18 de Janeiro de 2020.
Tchalé Figueira jáparticipou em dezenas de exposições nacionais e internacionais e é autor de uma vasta obra literária repartida entre conto e poesia, com títulos como ‹Todos os naufrágios do mundo› (1992), ‹Onde os sentimentos se encontram› (1998), ‹O azul e a luz› (2002), ‹Solitário e Ptolomeu Rodrigues› (2007), ‹Contos de Basileia› (2011), ‹Cesária – A rota da Lua vagabunda› (2015), com Vasco Martins.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 943 de 23 de Dezembro de 2019.