O sector da cultura teve que se reinventar. Os artesãos têm agora um grande desafio pela frente, driblar essa crise com muita criatividade. Durante essa crise, os artistas plásticos, cantores estão a mostrar aquilo que melhor sabem fazer, através das redes sociais.
Os artesãos não pararam de fazer os seus trabalhos, apesar dessa pandemia, só que a produção teve de se adaptar à nova época em que estamos a viver.
O artesão Beto Diogo, numa conversa com o Expresso das Ilhas, disse continuar a fazer os seus trabalhos em casa, num atelier improvisado.
“Neste momento não está em causa a produção, porque tenho feito os meus trabalhos e estou a divulgá-los nas redes sociais, só que a venda é complicada, mas não quero parar a minha produção”, assegura.
O artesão, que em 2011 fundou o “Atelier Beto Diogo”, é mentor do projecto Artes em Cabedal e ambientalista, garante que a produção não pode parar.
Em relação à linha de apoio anunciado pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, disse estar à espera de uma resposta por parte da tutela da cultura. “Já contactei o Centro Nacional de Artesanato em São Vicente mas ainda estamos a aguardar alguma posição dos responsáveis por esse sector.
Mas, por outro lado, louva a medida de protecção ao sector da cultura anunciada pelo Governo para ajudar a classe durante o estado de emergência. “Acho coerente o alargamento do estado de emergência, para podermos proteger-nos dessa doença”.
A artesã Jocelina Ferreira que tinha agendado a exposição intitulada “As Luzes”, nos dias 27 de Março a 12 de Abril, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, na cidade da Praia, teve que adiar esse evento.
Mas a artesã continua a mostrar os seus trabalhos nas redes sociais, à semelhança dos que trabalham nessa área.
Governo anuncia apoio ao sector da cultura
O Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas (MCIC), Abraão Vicente, anunciou na passada sexta-feira, 17, que as medidas de protecção ao sector informal são extensíveis e aplicáveis à classe artística nacional e aos trabalhadores do sector da cultura.
As medidas abrangem, também, os agentes culturais a nível fiscal. “Estes podem beneficiar do regime excepcional em matéria fiscal previsto no Decreto-lei n.º 37/2020, de 31 de Março, nomeadamente através de moratórias no pagamento dos tributos devidos a partir de 1 de Abril de 2020, com prazo de vigência até 31 de Dezembro de 2020”.
O MCIC informa que considerando as eventuais dificuldades no cumprimento normal das obrigações e pagamento dos créditos, por parte dos devedores do sistema bancário, os agentes culturais podem beneficiar, nos termos do Decreto-lei n.º 38/2020, de 31 de Março, de um conjunto de medidas extraordinárias de apoio à liquidez, designadamente: Proibição de revogação, total ou parcial, de linhas de crédito contratadas e empréstimos concedidos.
“A suspensão, relativamente a créditos com reembolso parcelar de capital ou com vencimento parcelar de outras prestações pecuniárias, por um período de seis meses e regime das garantias pessoais do Estado, para garantia de operações de crédito ou outras operações financeiras”, indica a tutela.
Ainda para ajudar a classe artística durante esta crise, o Governo, através do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas tem em andamento o programa “EnPalco100Artistas” cujo objectivo é a transferência directa de rendimento para os artistas e criadores com residência fixa no país, que vivem exclusivamente da arte.
Conforme o MCIC, esta decisão do Governo está enquadrada nas medidas de apoio aos cabo-verdianos, neste tempo difícil e de sacrifício de todos, os artistas e os criadores terão acesso aos mesmos direitos que outras classes trabalhadoras elegíveis em Cabo Verde.
O programa arrancou na passada sexta-feira, 17, e foram seleccionados 100 artistas e criadores de seis áreas: artes cénicas, música, dança, artes plásticas, stand up comedy, literatura/ poesia/slam.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 960 de 22 de Abril de 2020.