A Bolsa de Acesso à Cultura implementada na nova legislatura completa este ano três anos. Trata-se de um programa que visa possibilitar o acesso e massificar o ensino de arte em Cabo Verde.
Desde a sua implementação várias escolas, associações e ONGs forma contemplados com essa bolsa, a nível nacional. A bolsa vai garantir que a população menos favorecida não fique excluída da fruição da arte e também garantir a sustentabilidade das iniciativas das escolas de ensino artístico.
Financiado em 10 mil contos, o número de beneficiados tem aumentado significativamente. O Expresso das Ilhas falou com a coordenadora do programa, Indira Monteiro Lima, que fez o balanço desses três anos do programa.
No ano passado esse valor foi duplicado e de Santo Antão à Brava, todos os anos as escolas que se candidatam recebem uma bolsa para poderem ensinar os meninos e as meninas a tocarem guitarra, viola, violino, dança, arte em cabedal e reciclagem.
Teatro, dança, música, fotografia, artes plásticas/reciclagem, artesanato, artes cénicas, dança tradicional, culinária, desenho e pintura criativa, tabanca, artes em cabedal, costura, cestaria, panificação, rendas e bordados são as áreas que a BA-Cultura abrange.
Em três anos, o programa BA-Cultura financiou cerca de 78 escolas, associações, ONGs de caris artístico-cultural e quatro mil alunos a nível nacional.
“No ano de 2017 foram 42 escolas, associação, ONGs e 1.167 bolseiros. Em 2019 foram 70 escolas, associações, ONGs e 3345 bolseiros e em 2020 estimamos que teremos 78 escolas, associações, ONGs e 3600 bolseiros”, indicou a coordenadora do programa Bolsa de Acesso à Cultura.
Este ano, estão pré-seleccionou 78 candidatos e para Indira Monteiro Lima esse aumento deve-se à credibilidade do programa, “ao aumento do número de procura `in kre pa nhos inskrevi nha fidju tambe` isso acaba por motivar a comunidade onde está inserida, sem falarmos que é uma actividade geradora de rendimento. Podemos afirmar que notamos, com este programa, uma transformação através da arte”.
Dos 78 pré-seleccionados, de Santo Antão candidataram duas escolas do Porto Novo, São Vicente passou de três para cinco, São Nicolau dois de Ribeira Brava, Sal passou de dois para três, Maio com três, Santiago passou de 42 para 47, Fogo passou de 12 para 15 e um da Brava.
A coordenadora do BA-Cultura faz um balanço positivo desses três anos do programa. “A estratégia implementada e o plano traçado foram ao encontro do esperado, escolas, associações, ONGs responderam positivamente ao programa BA-Cultura, dando oportunidades de acesso ao ensino das artes às crianças e jovens cabo-verdianos criando projectos, planeando e executando, respondendo e cumprindo o contrato, bem como o regulamento do BA-Cultura”.
“Este é um programa que vem colhendo frutos desde o início. A primeira delas é a formalização das escolas de arte. Hoje são mais de 70 escolas. A segunda é o aumento do número de crianças e adolescentes que antes não tinham possibilidade de frequentar uma escola de ensino das artes, e graças às bolsas concedidas através deste programa do Governo, passam a fazer parte, também, da fruição da arte”, ressalta.
Indira Monteiro Lima sublinha que a massificação e inclusão social através das artes seja a nível sociocultural, seja a nível educacional permite que as crianças e jovens não só aprendem a fazer, mas também, apreciar, examinar, avaliar e interpretar exercitando a capacidade e a possibilidade de transformação do ser humano. “Dando ferramentas de perceção do mundo e acima de tudo ser criativo e crítico da nossa sociedade”.
Em termos de constrangimentos, Indira Monteiro Lima afirma que não há, mas que tem tido algumas dificuldades. “Quando se trabalha com dedicação e acreditando no que se está a fazer tudo é ultrapassável e sempre há como contornar a situação”.
Quanto aos desafios para os próximos tempos, Indira Monteiro Lima, indica que será dar ferramentas às escolas, associações e ONGs para um crescimento e um ensino das artes de qualidade aos bolseiros.
Questionada se com a pandemia do novo coronavírus se haverá alguma mudança no financiamento, a coordenador do BA-Cultura avançou que caso não houver alterações orçamentais, não haverá mudança em termos de financiamento.
Acompanhamento
Desde o início da implementação do programa, as escolas são acompanhadas de perto por uma equipa liderada pela coordenadora.
Também temos assistido que o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas tem feito visitas aos beneficiários para ver como é que as coisas estavam a evoluir. Durante o final de semana, em que Abraão Vicente esteve numa missão oficial à ilha do Maio, o governante aproveitou a sua estadia na ilha para visitar as três escolas beneficiadas.
Ainda sobre esse assunto, a coordenadora sublinha que esse é um programa que requer acompanhamento para verem in loco, a evolução dos trabalhos nas escolas.
“Este também é um dos objectivos deste programa inovador do Governo, implementado através do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas. Do acompanhamento ou seguimento que a equipa do BA-Cultura tem feito, podemos afirmar, com a máxima certeza, o sucesso que tem alcançado. Conhecemos todas as escolas, associações e ONGs beneficiárias do programa, trabalhamos de perto com elas”, indica.
A Acrides, uma associação que trabalham com crianças desfavorecidas, tem beneficiado do programa BA-Cultura. Segundo a presidente da Acrides, Lourença Tavares, este programa tem um significado especial para a sua associação, porque foi possível trabalhar com as crianças tudo aquilo que é arte e dança. “Só tenho a agradecer ao Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, porque é através da arte que incluímos as pessoas”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 955 de 18 de Março de 2020.