Indira Lima considera que o balanço é positivo, pela evolução de ano para ano do programa e do impacto que tem tido na vida das pessoas.
“O balanço que fazemos dos seis anos do BA-Cultura é positivo, porque aquando do seu lançamento, em 2017, tínhamos apenas 42 escolas, associações e ONGs. Já no ano passado (2022) tivemos um aumento de 50 %, pois fechamos o ano com o financiamento a 83 escolas. O balanço é positivo, porque houve um acréscimo gradual das escolas e falando das escolas houve um acréscimo do número de beneficiários ou bolseiros do programa”, indicou.
O programa já está presente em todas as ilhas, e em quase todos os municípios. “Não podemos dizer que ainda não chegamos a todos os municípios. Houve anos em que estivemos num determinado município e anos em que não chegamos a esses municípios. O único município em que o BA-Cultura nunca esteve presente é no Paul. Já nos outros municípios sempre estivemos presentes em algum ano do programa”.
O BA- Cultura, de acordo com a coordenadora, já está a trabalhar para alcançar este ano (2023) um dos seus objectivos que é estar em todos os municípios do país.
“O que podemos realçar é que as associações e as escolas estavam um pouco tímidas no início, não acreditando realmente no potencial do programa. Hoje em dia, praticamente não fazemos a divulgação do lançamento do nosso edital, a não ser na página do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e do BA-Cultura, porque as escolas, associação e as ONGs apoderaram-se do programa, e apoderando do programa, eles mesmos vão fazer a divulgação que precisamos e neste sentido o programa foi-se proliferando por os vários bairros e municípios do país. Houve professores que implementaram o BA-Cultura num município ou numa zona da sua ilha e quando viram a importância e o impacto do programa, foram os próprios a levarem o programa para outras zonas e municípios da sua ilha. Acho que isso é o grande ganho que o BA-Cultura teve desde 2017 até à data”.
Investimentos
Para Indira Lima, a garantia do governo em continuar a investir no programa, significa que há confiança na coordenação e no programa, “porque só são feitos mais investimentos, quando o resultado for satisfatório”.
“Mais investimento significa que o programa tem funcionado, temos alcançado os seus objectivos, e alcançando os objectivos do programa, temos que dar resposta em relação à demanda. Temos tido um aumento considerável de demanda, por isso, o valor que trabalhamos até 2022 ficou muito aquém da nossa procura, portanto sentiu-se a necessidade de fazer um reforço orçamental para podermos dar resposta às nossas crianças e jovens”, refere.
Escolas nascem com o programa
Com o lançamento do programa, muitas escolas começaram a nascer em várias zonas e municípios para aproveitar os benefícios que esta iniciativa traz à vida das crianças e jovens.
Conforme a coordenadora, o surgimento das escolas com o BA-Cultura tem um sabor especial. “Como dizem, é a cereja no topo do bolo, fazer o trabalho que fazemos vendo que há um aumento e uma acreditação do programa por parte da sociedade civil só nos deixa mais satisfeitos e com mais vontade de fazer as coisas. Costumamos dizer que quando chegamos ao terreno é que realmente termos a percepção do nosso trabalho”.
“Na semana estivemos numa escola em Monte Pensamento, onde as associações já existia e começaram a trabalhar na vertente cultural por causa do BA-Cultura, porque uma outra escola falou do programa. Então é a tal acreditação porque temos feito um seguimento directo com as próprias escolas e nunca falhou o financiamento, isso também faz com que as pessoas acreditem mais no programa, porque nós sempre desde 2017 temos pago conforme o nosso calendário e o contracto que temos com as escolas e as associações. Por isso é que penso que é uma mais-valia do nosso programa”, assegura Indira Lima.
Neste sentido, Indira Lima afirmou que estão quase a chegar àquilo que é o objectivo do programa, porque querem estar em todos os municípios do país. “Não é estar hoje num município e amanhã não estar lá, não é conseguir um número máximo de alunos para podermos dizer agora sim o BA-Cultura já conseguiu atingir o seu propósito, o que acreditamos que em 2023 vamos conseguir”.
Instrumentos
Em relação aos instrumentos que já foram entregues aos beneficiários, a coordenadora frisou que já entregaram cavaquinho, guitarra, teclados, violino e kits de batucada.
“Já compramos 300 flautas, em termos de guitarra foram 200 e para este ano já fizemos mais encomendas. Então é um número que se eu lhe disser agora posso deixar alguns números para trás. Temos feito investimentos, conforme as necessidades das próprias escolas e associações”, sublinha.
Fiscalizar
Quanto à fiscalização, a coordenadora explicou que as escolas, associações ou ONGs ao serem beneficiários do programa automaticamente têm que entregar um relatório trimestralmente e as fichas de frequência dos alunos.
“Temos uma relação muito próxima com os nossos beneficiários, estamos sempre presentes, quando sentimos essa necessidade, mas queremos que as coisas aconteçam. Queremos que o programa funcione em pleno, embora a nossa equipa seja pequena, mas sempre que sentimos necessidade estamos no terreno para fazer a avaliação, monitorização e seguimento”, frisa Indira Lima.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1104 de 25 de Janeiro de 2023.