2.º lugar

PorFrancisco Carapinha,17 mai 2021 7:05

Em Abril de 2016, quando assumi o cargo de presidente da Federação Cabo-verdiana de Xadrez, fiz questão de afirmar, em vários locais e por diversas ocasiões, que não podia ser espectável que Cabo Verde, no xadrez, obtivesse resultados de topo no imediato.

Concluía este raciocínio dizendo que, se fossem dados os passos certos sem que a marcha fosse invertida, talvez ao fim de 10 anos começássemos a alcançar resultados de maior destaque.

Ser realista e não embandeirar em arco sempre foi uma das características que me têm definido, por isso nunca embarquei com aqueles que achavam que ao fim de dois três anos conseguiriam ser Mestres e que poderiam ombrear com outros que tais, principalmente por essa África fora.

Para chegar a esta conclusão as contas eram muito fáceis de fazer: para alcançar o título de mestre, além do treino e do estudo necessário, há que obter normas participando em torneios internacionais onde seja possível obtê-las.

Olhando em redor, não via ninguém em condições e com interesse de investir nessas componentes, tornando assim impossível essa tarefa. Era o mesmo que fazer omeletes sem ovos.

Acredito que o futuro está nas mãos das crianças de hoje e são elas que nos dão alento para continuar a apostar no ensino e na prática. Prova disso, tivemo-la em 2019, em São Tomé e Príncipe, no Campeonato Africano de Sub-16 por equipas, onde a nossa Jacira Almeida obteve a “medalha de Ouro” ao ser o melhor quarto tabuleiro da competição, em que colectivamente acabamos por ficar no 4.º lugar ex-equo com o 3.º.

O xadrez nacional, ao fim de 3 anos de federação, conseguira obter resultados de algum destaque.

Circunstâncias favoráveis, e que a Federação conseguiu aproveitar, trouxeram-nos até nós um mestre cubano que ser quis associar a nós e assim passar a jogar sob a nossa bandeira. Efeitos imediatos dessa transferência, a bandeira de Cabo Verde passou a figurar no Top 10 do xadrez africano.

Claro que falo do MI Mariano Ortega que a FCX contratou para Director Técnico Nacional e que passou a ser, no mundo do xadrez, o mestre cabo-verdiano.

Na Olimpíada On-line, foi ele a estrela da nossa divisão, tendo sido o seu melhor 1.º tabuleiro.

Nesta competição da Federação Internacional, com uma equipa muito jovem, falhamos por pouco a passagem á divisão seguinte, mas acima de tudo rodamos jovens na alta competição, e assim, continuamos a construção do futuro.

É claro que a inclusão do Mestre Mariano Ortega nas nossas hostes, trouxe-nos mais esperanças em resultados futuros, colocando-os mais cedo ao nosso alcance, tal como aconteceu, no final do passado mês de Abril, no 2021 African Online World Cup Pre-Qualifying Chess Championships, que se disputou na plataforma TORNELO enquanto em algumas regiões se disputava a Fase Regional da Taça de Cabo Verde.

Para esta competição de apuramento para o Continental Africano, estivemos representados nas secções Open e Feminina, da Zona 4.2, com os nossos melhores atletas, ou seja, com o MI Mariano Ortega e com Célia Rodríguez Guevara.

No final do torneio, Mestre Mariano, tinha alcançado um excelente 2.º lugar na sua prova (7 vitórias, 1 empate e 1 derrota) mas insuficiente para o seu apuramento directo. Embora tivesse empatado com o vencedor do torneio, o Nigeriano Osunfuyi Abimbola, Mariano viu esfumarem-se as suas esperanças de sair vencedor do torneio quando, na 7.º ronda, perdeu com o também nigeriano Ajibola Olarewaju. A partir daí, era esperado que os nigerianos fizessem jogo para o líder, tornando impossível a missão, do nosso mestre, em garantir o 1.º lugar.

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Em 9 pontos possíveis, o nosso Mestre Internacional, conseguiu 7,5, menos 1 ponto que o vencedor.

Na secção feminina, Célia não esteve á sua altura, já afectada pelo malandro do vírus que lhe bateu á porta, acabando por não conseguir melhor que o 7.º lugar, com 4 pontos

De qualquer forma, há que felicitar os nossos xadrezistas, pois ao obterem estas classificações em competições internacionais, já fazem que o xadrez competitivo de Cabo Verde, em África, comece a ser falado, o que é salutar acontecer, para um país cuja federação nacional acabou de completar só 5 anos.

Já li comentários que é uma pena Mariano Ortega não estar no Malawi no Campeonato Africano de 2021. Também acho e até considero que poderia lutar por um dos 4 lugares, que estarão em disputa, para a Taça do Mundo.

Fica para a próxima oportunidade.

Por agora, saboreie-se este 2.º lugar.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1015 de 12 de Maio de 2021.

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Autoria:Francisco Carapinha,17 mai 2021 7:05

Editado porAndre Amaral  em  24 fev 2022 23:20

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