E se houvesse Gala?

PorFrancisco Carapinha,22 nov 2020 7:41

​O ano passado, mais ou menos por esta altura, a propósito da Gala do Desporto Cabo-verdiano 2019 (que não teve nenhum nomeado do xadrez), escrevi aqui, neste espaço, que a Gala se tinha esquecido de nós.

Se realmente foi um esquecimento, quem teve essa falha de memória deve ter-se sentido atormentado pois, desde Abril passado, que o xadrez nacional tem sido notícia frequente nos diversos órgãos de comunicação social, como que relembrando a sua existência. Em Cabo Verde, a única modalidade desportiva que enfrentou a pandemia do COVID e não cancelou a sua época continuando a realizar competições, foi o xadrez. Foi na vertente online, mas competições também.

Durante este ano, e seguindo o lema, “Jogo Xadrez, fico em casa!”, a federação nacional de xadrez organizou e realizou, internamente, várias actividades online: campeonatos nacionais, circuitos, simultâneas, torneios abertos, treinos, etc..

Internacionalmente, co-realizamos e participamos nos matches amigáveis com Angola e com o Ghana, participamos na Liga das Nações, organizada pela Chess.com, na Championship League 2020 e na Live Chess World League.

O momento mais alto da época, on-line, aconteceu em Julho, quando participamos, com uma equipa muito jovem, na Olimpíada organizada pela FIDE (Federação Internacional de Xadrez). Nesta competição, embora tenhamos falhado o objectivo de ascender á categoria superior, vimos o nosso Director Técnico Nacional, MI Mariano Ortega, ser coroado como o melhor 1.º tabuleiro da nossa divisão. Ele que, conjuntamente com sua esposa, no mês anterior, se tinha transferido da federação cubana para a federação de Cabo Verde, numa iniciativa sem precedentes entre nós e que o catapultou para o 7.º lugar no ranking em África, intrometendo-se entre os jogadores do Egipto e da Argélia, que preenchem a maioria dos lugares do Top Ten do nosso continente.

Embora o on-line estivesse a servir para nos ajudar a competir na fase do confinamento, o certo é que o nosso objectivo principal era o regresso ás partidas presenciais.

Por isso, em Agosto último, começamos a preparar esse regresso, apresentando no Instituto do Desporto e da Juventude (IDJ) um Plano de Contingência Sanitária. Após sofrer pequenas rectificações, o referido Plano acabou por ser aprovado pela Direcção Nacional de Saúde, permitindo-nos, no passado mês de Outubro, regressar às competições presenciais com a realização do nosso IV Campeonato Nacional Individual Absoluto, onde 20 jogadores disputaram o título máximo do xadrez nacional, naquela que ficará na história do desporto nacional como sendo a primeira competição presencial realizada após a suspensão, devido à pandemia do COVID 19, de todas as actividades desportivas.

Mas a nossa época desportiva só termina em 31 de Dezembro e até lá ainda há competições a disputar, inclusivamente internacionais, onde a presença cabo-verdiana já está confirmada.

Será na 1.ª Olimpíada Online para jogadores portadores de deficiência, que decorrerá a partir da próxima Sexta-feira (dia 20) até 3 de Dezembro e onde estarei presente fazendo parte da equipa de arbitragem e será, no Campeonato do Mundo de Rápidas Online para Cadetes e Jovens, a decorrer de 27 de Novembro a 23 de Dezembro, que contará com a presença de três jovens cabo-verdianos, nomeadamente a Katlene Martins nos Sub-12 femininos, o Iliano Santos nos Sub-18 Open e a Loide Gomes, nos Sub-18, femininos.

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Ambas as competições são organizadas pela FIDE e jogadas na plataforma Tornelo.

A nível interno, é intenção federativa, realizar ainda os campeonatos nacionais de jovens, provavelmente num formato inovador e se a pandemia deixar.

E se este ano houvesse gala?

Parece-me evidente que se este ano fosse possível realizar a tradicional Gala do Desporto Cabo-verdiano e havendo justeza nas decisões dos jurados, certamente que o xadrez arrebataria a maior parte dos prémios, já que ao contrário das outras modalidades desportivas, esteve sempre em acção, demonstrando, pela sua natureza, ser uma actividade que está preparada e consegue enfrentar e sobreviver a um COVID qualquer.

É claro que o meu principal desejo é que volte tudo á normalidade e nos consigamos livrar deste malfadado bicharoco para que todos os desportos voltem ao seu activo e, isso acontecendo, pouco me importa que o xadrez não seja nomeado, já que as atitudes e os actos ficam com quem os praticam.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 990 de 18 de Novembro de 2020. 

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Autoria:Francisco Carapinha,22 nov 2020 7:41

Editado porSara Almeida  em  27 ago 2021 23:21

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