Este amigável, o primeiro que a nossa selecção disputou na versão on-line, contou com a participação de 20 jogadores (10 para cada lado), sendo 4 do sexo feminino (2 em cada equipa) e serviu para colocar os atletas em competição e para um maior estreitamento das relações de amizade entre as federações nacionais dos 2 países.
No final, o cansaço era dominante entre os participantes de ambos os lados, pois o match, ao durar mais de 5 horas, prolongou-se para além do dobro do tempo inicialmente previsto, um pouco por culpa das operadoras de comunicações, tanto aqui em Cabo Verde, como em Angola, que falhavam frequentemente, originando atrasos no inicio de algumas partidas e consequentemente, no fecho das rondas. É claro que a inexperiência neste tipo de competições também contribui para que o match se tornasse numa autêntica maratona.
Durante este amigável, em que todos os jogadores de uma equipa jogavam com todos os outros jogadores da equipa adversária, foram jogadas 100 partidas, tendo a equipa angolana superiorizado-se ao combinado crioulo e terminando a prova com 77,5 pontos enquanto a equipa nacional de Cabo Verde, somou apenas 22,5 pontos.
O resultado, desnivelado, é o espelho da grande diferença, actual, de valores no xadrez dos dois países lusófonos. Basta verificar que a equipa angolana se apresentou com 7 titulados da FIDE (1 Mestre Internacional, 3 Mestres FIDE, 1 Mestre Internacional Feminina, 1 Mestre FIDE feminina e 1 Candidato a Mestre), estando entre eles o tricampeão junior Africano, o MI David Silva e a tricampeã junior africana, a WIM Esperança Caxita.
Ou seja, Angola apresentou-se a grande nível para enfrentar a nossa equipa que jogou com o único titulado, o MI Mariano Ortega, nosso Director Ténico Nacional, que se estreou a jogar pela nossa selecção, acumulando com os cargos de seleccionador e capitão do combinado crioulo.
Também contribui para este desnível o facto da Federação Angolana de Xadrez ter nascido há 41 anos, enquanto que a nossa Federação tem apenas 4 anos de existência.
Se este match tivesse acontecido há um ano ou há dois anos atrás, certamente que o desnível, para com os nossos amigos angolanos, seria muito maior, pelo que me parece evidente que estamos, passo a passo, a caminhar o caminho certo na direcção da qualificação e massificação da modalidade.
Voltando ao match, onde cada jogador tinha a possibilidade de obter um máximo de 10 pontos, a pontuação da equipa cabo-verdiana, resulta da soma da pontuação individual de cada um dos nossos xadrezistas e que foi a seguinte:
MI Mariano Ortega 9 pontos; José Andrade 6; José Vaz 2,5; David Mirulla 2; Éder Pereira 2 e, Luiz Fernandes 1 ponto.
Sem pontuarem ficaram António Monteiro, Luis Barros, Célia Rodriguez e Loide Gomes.
Por seu turno, a pontuação da equipa angolana, foi obtida da seguinte forma:
CM Ludy Sousa 10 pontos (100% de aprovitamento); FM Manuel Alberto, Vanderson Dias, FN Domingos Junior; Avelino Fernandes e WFM Ednásia Junior,todos com 8 pontos; FM Domingos Paulino 7,5 pontos; MI David Silva e Mácio Filipe ambos com 7 pontos; WIM Esperança Caxita, 6 pontos.
No final, além do cansaço, todos os participantes se mostraram agradados com a prova e com vontade de repetiram matches semelhantes.
A direcção da prova foi da responsabilidade do Sr. Presidente da FAX, enquanto que a arbitragem esteve a meu cargo. Terminado este encontro é altura de pensar nos próximos que certamente aí virão e que continuarão com a nossa actividade desportiva, mantendo em actividade os nossos jogadores.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 967 de 10 de Junho de 2020.