Em termos absolutos, com 133 reclamações registadas, de Julho a Dezembro de 2018, a companhia nacional ficou atrás da TAP (3.787 reclamações), Ryanair (377), Orbest (148) e Sata (135). Contudo, estas companhias tiveram um número muito superior de passageiros transportados.
No caso concreto das companhias aéreas estrangeiras a operar em Portugal, "as principais companhias aéreas de baixo custo - Ryanair e Easyjet - reuniram 37,6% (48% em igual período de 2017) das reclamações contabilizadas neste segmento, mas a companhia aérea TACV - Transportes Aéreos de Cabo Verde registou o segundo maior aumento homólogo, em volume, com um acréscimo de 123 reclamações [10 no período homólogo, uma variação de 1.230%], posicionando-se, igualmente, como a segunda companhia aérea estrangeira com maior número de reclamações dirigidas [atrás da Ryanair]", lê-se no relatório.
Feitas as contas às reclamações por passageiros transportados, o indicador mais relevante, porque relaciona o número de passageiros de cada companhia com o número de reclamações apresentadas ao regulador, a Cabo Verde Airlines recebeu 2,9 reclamações por cada 1.000 passageiros. A Orbest 1,95, a Tunisair 1,78, a Privilege 0,79 e a TAP 0,45.
Fonte da companhia, entretanto ouvida pelo Expresso das Ilhas, realçou que estes números compreendem o período de 2018 durante o qual a Cabo Verde Airlines esteve sem aviões, cancelando vários voos internacionais. Recorde-se que devido a atrasos na reposição da frota, em Julho do ano passado, e durante cerca de duas semanas, a antiga TACV deixou milhares de passageiros em terra.
Globalmente, os cancelamentos de voos lideraram os motivos das queixas à ANAC (25,1%), atrasos nas viagens (20,9%), atrasos que geraram perda de ligação a outro voo (16,1%) seguiram-se na lista. Os problemas nas bagagens, 7,5% (514 casos) foram a quarta razão para reclamações.
A Autoridade Nacional da Aviação Civil é a autoridade em matéria de aviação civil em Portugal, equivalente à cabo-verdiana Agência de Aviação Civil. A ANAC exerce funções de regulação, fiscalização e supervisão do sector da aviação civil.
O relatório da ANAC apresenta uma análise das reclamações de passageiros recebidas pelo regulador português, relativas a companhias aéreas e outros operadores aeroportuários (prestadores de serviços de assistência em escala e gestor aeroportuário), no período compreendido entre Julho e Dezembro de 2018. Trata-se de um documento oficial, com dados oficiais e factuais.
O artigo foca-se no desempenho da companhia cabo-verdiana, Cabo Verde Verde Airlines (CVA) e apresenta duas abordagens aos números: i) valores absolutos - número total de reclamações recebidas; ii) número de reclamações por 1000 passageiros transportados. A informação relativa ao número absoluto (i) de reclamações recebidas pelo regulador português consta do quadro 2 do relatório (página 7) e diz respeito ao total de reclamações recebidas. Este valor, por si, não oferece uma leitura válida dos factos, porque o número de voos operados e o número de passageiros transportados varia de companhia para companhia.
Isto leva-nos à segunda abordagem, também ela proposta pelo relatório da ANAC, nos quadros 3 (página 8) e 5 (página 11). Entre outros elementos de análise, estes quadros apresentam (na oitava coluna) o resultado da divisão (feita pela ANAC, que é quem tem o número de passageiros transportados) do número de reclamações/1000 passageiros transportados. Ou seja, em cada companhia, quantas reclamações ocorrem por cada mil passageiros transportados. Esta é a informação mais relevante do relatório, pois permite uma comparação que considera a proporção reclamações/passageiros transportados.