Governo não vai impor voos para São Vicente "por decreto"

PorLourdes Fortes, Rádio Morabeza,26 jun 2019 16:51

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O governo não vai impor voos para São Vicente "por decreto", até porque "a percentagem de passageiros nacionais transportados na TAP é de 13%". Posição expressa hoje, no parlamento, pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, que defende que a política de transportes do governo actuará onde e quando for necessário.

O chefe do executivo respondia aos deputados da oposição, que mais uma vez levantaram a questão das ligações aérea para a ilha de São Vicente, sobretudo voos internacionais.

“Sobre a ligação para São Vicente, nós sempre fomos muito claros, não vamos repetir os erros que cometeram durante a vossa [PAICV] governação, não vamos por decreto impor à companhia que faça voos para destinos, sejam onde forem. A política de transportes do governo actuará onde e quando for necessário, agora não comparemos com a TAP”, afirma.

“A percentagem dos passageiros nacionais que são transportados nos voos da TAP é de 13%. Lisboa funciona como um hub. A compra de qualquer bilhete de aviação de Paris para São Vicente vem já com o bilhete da companhia, assim como qualquer outro ponto da Europa. A venda de bilhetes funciona na origem, para poder compensar volume, para ter transportes para São Vicente. Então é uma questão de tempo, para a Cabo Verde Airlines também ganhar esse mercado, porque só com o mercado de 13%, que é o que é transportado de origem para o destino de São Vicente, com nacionais, não viabiliza as operações”, justifica.

No início de Junho, o MpD garantiu que a resolução do problema de transportes aéreos internacionais para São Vicente estaria para breve, embora sem avançar datas.

Na altura, o deputado João Gomes disse que “a Cabo Verde Airlines está na disposição de colocar em Cabo Verde dois ATR para as ligações internas, numa base de complementaridade ao hub na ilha do Sal”.

Do lado do PAICV, a presidente do partido e deputada, Janira Hopffer Almada, acusa o executivo de excluir o segundo maior centro populacional do país das rotas da companhia aérea nacional, com impacto na vida da população e na economia.

“Acabou com os TACV, entregou o mercado doméstico em monopólio a uma empresa privada, temos menos ligações, as passagens estão mais caras e não temos voos previsíveis, muitas vezes (...) O povo pode responder se melhoraram os transportes aéreos inter-ilhas. Diz-nos [o primeiro-ministro] que está a trabalhar para termos mais diversificação na origem dos turistas. Eu queria que perguntasse ao povo de São Vicente se está satisfeito com essa diversificação. Conseguiu excluir o segundo maior centro populacional do país das ligações da companhia de bandeira e não é por falta de fluxo, porque outra companhia privada, neste momento, tem seis voos para a ilha, mas o preço das passagens é de mais de mil euros, penalizando o segundo maior centro populacional do país”, diz.

Na mesma linha, o deputado da UCID lamenta aquilo que considera ser a desresponsabilização do governo com a questão dos transportes aéreos.

“[O primeiro-ministro] Foi muito claro de que o governo, relativamente aos voos de São Vicente, coloca-se completamente de fora. O povo que decida, as companhias que decidam por si só. O governo nesta matéria não tem mãos, isto é muito mau, porque o governo pode perfeitamente assumir com a política que tiver em mãos e fazer tudo para que haja este voo, mesmo que tenha que compensar, já que nós é que fazemos o balanço daquilo que é o ganho e que é a perda. Tenho aqui uma factura, um bilhete de São Vicente para Lisboa, ida e volta, 123 contos, mês de Agosto, de forma que, assim, fica difícil aos cabo-verdianos poderem ter uma vida normal”, observa.

O fim da operação da TACV para São Vicente aconteceu em Setembro de 2017, por decisão da nova gestão da empresa.

A retoma dos voos, tal como acontecia até Setembro de 2017, tem sido uma exigência, nomeadamente, dos operadores económicos, os mais afectados pela medida. O aumento das ligações internas é também outra reivindicação dos são-vicentinos.

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Autoria:Lourdes Fortes, Rádio Morabeza,26 jun 2019 16:51

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  25 mar 2020 23:21

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