“Estamos a intervir e a investir, criando condições para que todas as crianças, adolescentes e jovens tenham acesso à escola, permaneçam na escola e tenham sucesso na escola. Estamos a cumprir implementando e investindo em programas de inclusão social, como o rendimento social de inclusão e de inclusão produtiva, a garantia do acesso à educação, aos cuidados e à saúde, a igualdade, equidade de género e empoderamento da mulher, o sistema de prestação e benefícios sociais para pessoas com deficiência, a integração social e económica de imigrantes”, disse esta terça-feira o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, no discurso de abertura que fez, no Parlamento, para o debate sobre “Família e inclusão social”.
O pilar social do Orçamento do Estado para 2020 vai ser reforçado para os 24,5 milhões de contos, garantiu, assegurando igualmente que dessa forma as políticas de inclusão social e dedicadas às famílias serão reforçadas.
A dinamização da economia e o desenvolvimento sustentável a nível nacional tornam-se assim dois dos maiores desafios que o país passa a enfrentar e é para “atingir esse objectivo que estamos a investir fortemente em programas de formação profissional e empreendedorismo dirigidos a jovens de todos os concelhos do país, no reforço da descentralização, na requalificação urbana e ambiental, no desencravamento de localidades agrícolas, na diversificação de fontes de mobilização de água para agricultura, na transição energética, na unificação do mercado nacional através dos transportes marítimos, na atracção de investimentos nacionais e estrangeiros para dinamizar as economias das ilhas”.
É pouco, diz a oposição
As declarações e garantias dadas por Ulisses Correia e Silva não convenceram a oposição.
António Monteiro, presidente da UCID, defendeu que há ainda muito para fazer porque, disse, há milhares de famílias que passam por dificuldades.
“Entendendo que o Governo tem estado a fazer um esforço para minimizar o sofrimento das pessoas, mas ainda o caminho é longo e há muitos assuntos que devem ser resolvidos para darmos às famílias mais felicidade”, defendeu António Monteiro no Parlamento.
Visão mais negativa tem o PAICV para quem a desigualdade social tem vindo a aumentar e a riqueza não tem vindo a ser distribuída de forma justa.
“Em Cabo Verde as desigualdades sociais estão a aumentar a olhos vistos. A verdade é que a grande maioria das pessoas não está a sentir o crescimento que se propala. Quem é pobre está a ficar cada vez mais pobre. A riqueza gerada não está a ser distribuída de forma justa e as oportunidades não estão a ser partilhadas para potenciar a redução das desigualdades, e isto tem consequências. As maiores consequências são o clima de insatisfação, o ambiente de instabilidade social, o aumento da criminalidade e o sentimento de impunidade”, acusou a presidente do PAICV, Janira Hopffer Almada.
Contra o assistencialismo e o populismo
Já o MpD, que suporta o governo, defendeu, no discurso do seu líder parlamentar, Rui Figueiredo Soares, que as soluções e políticas que têm vindo a ser adoptadas e implementadas pelo governo têm o objectivo de resolver os problemas dos cabo-verdianos.
No entanto, defendeu Figueiredo Soares, estas políticas que o governo tem vindo a implementar entram “em contraste flagrante com o assistencialismo e o populismo”.
“As áreas abrangidas são vastas. Vão desde a luta contra a pobreza e a promoção da igualdade dos direitos e oportunidades das pessoas portadoras de deficiência, passando pelo desenvolvimento de políticas de família que garantam o acesso aos bens sociais básicos como a saúde, a educação, a água, a energia, a habitação, a alimentação, formação técnico-profissional até a execução de políticas de protecção e inserção social de crianças, adolescentes e idosos, sem esquecer da igualdade de género e da integração dos imigrantes”, concluiu o líder parlamentar do MpD.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 942 de 18 de Dezembro de 2019.