Segundo dados do relatório da dívida pública do quatro trimestre de 2020, divulgado hoje pelo Ministério das Finanças, o saldo da dívida pública do arquipélago cifrava-se no final de 2018 em 229.008 milhões de escudos, subiu no final de 2019 para 242.262 milhões de escudos e em 2020 para 255.916 milhões de escudos.
No final de 2020, a dívida contraída externamente por Cabo Verde valia mais de 184.536 milhões de escudos e os títulos de dívida emitidos internamente mais de 71.380 milhões de escudos, de acordo com o mesmo relatório.
Já o serviço total da dívida (pagamentos de juros e reembolsos de capital) de Cabo Verde, que em 2018 foi de 14.950 milhões de escudos e no ano seguinte de 14.718 milhões de escudos, disparou em 2020 para quase 17.823 milhões de escudos.
O governo tem recorrido ao endividamento, sobretudo a parceiros externos, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial ou Banco Africano de Desenvolvimento, para colmatar as quebras nas receitas fiscais provocadas pela crise económica decorrente da pandemia da covid-19, bem como para disponibilizar apoios para mitigar essas consequências junto das empresas e das famílias.
Em contrapartida, tem também beneficiado de moratórias ao serviço da dívida, aprovada pelos credores internacionais para 2020 e 2021.
Com uma recessão económica de quase 15% em 2020, que reduziu nessa proporção o Produto Interno Bruto (PIB) face a 2019, o rácio do ‘stock’ da dívida pública em função do PIB também disparou. Esse rácio da dívida pública ultrapassou pela primeira vez os 100% do PIB em 2013, mas estava em queda na atual legislatura, até ao início da pandemia de covid-19, sobretudo devido ao crescimento económico do arquipélago, de mais de 5% ao ano, já continuava a crescer em termos absolutos.
A principal consequência económica da pandemia de covid-19 em Cabo Verde prende-se com a ausência quase total de turismo desde Março de 2020, sector que antes garantia 25% do PIB do país, com a inerente forte quebra de receitas fiscais e consumo.