Em declarações à agência Lusa, o presidente da BVC, Miguel Monteiro, disse que as suspensões não estão relacionadas directamente com as empresas, sem adiantar mais pormenores, por questões de confidencialidade.
Conforme nota oficial consultada pela Lusa, a BVC suspendeu, na segunda-feira, a cotação dos valores mobiliários da Enacol e da Sociedade Cabo-verdiana de Tabacos (SCT), cujas cotações apresentaram "oscilações anormais ou susceptíveis de afectar, de modo temporário ou permanente, o regular funcionamento do mercado”.
“A suspensão manter-se-á até que se regularize a situação que a originou ou que se façam cessar os factos que a determinaram”, lê-se na mesma nota.
De acordo com o presidente da BVC, o objectivo é permitir que a Auditoria Geral dos Mercados de Valores Mobiliários (AGMVM) possa verificar e, eventualmente, aplicar medidas.
“Ou seja, a suspensão irá continuar até que a AGMVM nos indique o que é que a investigação que a mesma está a fazer" descobriu, para "esclarecer esta anormal oscilação das cotações da SCT e da Enacol”, referiu Monteiro.
No mesmo dia, a AGMVM também emitiu um comunicado, por cada empresa, a anunciar a suspensão da negociação das acções.
Miguel Monteiro disse à Lusa que a bolsa vai “aguardar serenamente” pelo resultado das averiguações da entidade reguladora, que espera possam acontecer o mais rápido possível.
Além da Enacol e da SCT, as outras duas empresas cotadas na bolsa de Cabo Verde são o Banco Cabo-verdiano do Atlântico (BCA) e o banco Caixa Económica de Cabo Verde (CECV).
A Enacol registou lucros históricos de 9,5 milhões de euros em 2022, o dobro face ao ano anterior, segundo o relatório e contas da empresa.
Liderada pela Galp, com uma posição de 48,29%, a empresa conta ainda na estrutura accionista com a sucursal cabo-verdiana da Sonangol (38,99%), enquanto os restantes pequenos accionistas totalizam 12,72% do capital social, nomeadamente após a venda, em 2019, da participação de 2,1% detida pelo Estado.
Já os lucros da SCT caíram 6,7% em 2022, para 217,4 milhões de escudos (dois milhões de euros).
A estrutura accionista da tabaqueira é liderada (51,15%) por um agrupamento de empresas, com 122.760 acções, seguido do município do Sal (12,50%), que detém 30.000 acções.
As restantes 87.240 acções (36,35%) estão cotadas na Bolsa de Valores de Cabo Verde e distribuídas pelo público em geral, segundo informação da empresa.
Com sede na ilha de São Vicente, a tabaqueira cabo-verdiana fechou 2022 com cerca de 40 trabalhadores e uma capitalização bolsista recorde de 567 milhões de escudos (5,1 milhões de euros).