"É uma grande notícia para África e para o mundo porque não será possível ter um mundo com paz e estabilidade se o continente africano continuar a ser um continente instável, inseguro e que não consegue ser atrativo" para os investidores externos, disse Olavo Correia à Lusa, à margem dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que terminaram hoje em Marraquexe.
Os países da África subsaariana conseguiram hoje a "aprovação unânime" da comité diretor do Fundo relativamente ao aumento dos lugares na administração, de 24 para 25, abrindo espaço para um terceiro representante especificamente para a África subsaariana.
"África tem um número substancial de países com especificidades próprias e desafios gigantescos, há administradores que representam 22 e 24 países, tendo em conta o número de cadeiras que existem na administração do FMI", disse o vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, país que ocupou até agora a presidência do 'African caucus', o órgão de representação dos países africanos.
"O que nós defendemos, e foi muito bem acolhido, é que no quadro da nova arquitetura financeira internacional, a voz do continente fosse mais ouvida, não só por uma voz competente e qualificada, mas também porque deve ter um espaço e instrumentos para amplificar essa voz", explicou o governante, salientando que era preciso aumentar a representatividade africana.
Ao nível das instituições financeiras internacionais, "faz todo o sentido haver mais representação, porque hoje o que há é uma sub-representação e todos os países africanos concordaram, numa reunião na ilha do Sal, que devíamos exigir que o continente africano tivesse mais uma cadeira na administração do FMI, para que África possa ter uma voz mais forte num quadro institucional que permita participar nas decisões".
"Se o continente africano é dos mais visados por intervenções financeiras internacionais, a sua voz tem de ser ouvida, porque se querem fazer algo connosco, temos de estar presentes, não podemos estar diminuídos por uma sub-representação", disse.
Não é possível, concluiu, "só lamentar, analisar ou criticar, é preciso ter poder de decisão no conselho executivo, por isso esta luta travada pelo continente há vários anos e que passou pela declaração conjunta da Ilha do Sal [na reunião dos países africanos, em junho], é uma grande notícia para África e para o mundo".