Com mais de um milhão de carros eléctricos vendidos em todo o mundo, o ano de 2017 quebrou outro recorde. O número total de veículos eléctricos em estradas ultrapassou três milhões no ano passado, um aumento de 50% em comparação a 2016. Cerca de 720 mil deles estão nos Estados Unidos, enquanto 820 mil circulam pela Europa. A tecnologia também se tornou um sucesso na China, que possui a maior frota de carros eléctricos, com 1,23 milhões de carros no total.
Um relatório da Agência Internacional de Energia traz uma visão geral do mercado global em 2017. A China teve o maior número vendas de veículos eléctricos e híbridos plug-in, com uma vantagem considerável em relação a outros países: foram 579 mil unidades vendidas no total. Os chineses têm uma participação de mercado de 2,2%, quase o dobro dos EUA, que possui apenas 1,2% da fatia automobilística.
Os motoristas norte-americanos compraram 198,3 mil carros eléctricos no ano passado, enquanto, na França, 118,7 mil veículos do tipo foram vendidos. A Noruega tem um famoso caso de amor com esta categoria de automóvel, o que impulsiona o mercado com incentivos generosos e uma infraestrutura excepcional. Em 2017, as vendas continuaram fortes, com 62,2 mil carros vendidos e uma participação de mercado de 39%. A tecnologia ainda luta para crescer nos países em desenvolvimento, onde a infraestrutura e a qualidade das estradas têm um longo caminho a percorrer. A título de comparação, no ano passado, apenas 2 mil veículos eléctricos foram vendidos na Índia, enquanto, no Brasil, as vendas foram de apenas 300 unidades.
Ranking dos países onde foram vendidos mais carros eléctricos*
7. Reino Unido
Número de veículos vendidos em 2017: 47,2 mil
6. Japão
Número de veículos vendidos em 2017: 54,1 mil
5. Alemanha
Número de veículos vendidos em 2017: 54,5 mil
4. Noruega
Número de veículos vendidos em 2017: 62,2 mil
3. França
Número de veículos vendidos em 2017: 118, 7 mil
2. Estados Unidos
Número de veículos vendidos em 2017: 198,3 mil
1. China
Número de veículos vendidos em 2017: 579 mil
*dados da Agência Internacional de Energia
E Cabo Verde?
Seguindo a tendência mundial, Cabo Verde não quer perder o comboio da introdução de automóveis eléctricos no país.
“O país está a preparar-se para os carros eléctricos”, anunciou, no passado dia 31 de Maio, Elísio Freire, porta-voz do Conselho de Ministros.
O despertar para a questão da mobilidade eléctrica sustentável em Cabo Verde é motivado pelos objectivos traçados no programa nacional para a sustentabilidade energética, mas também pelos avanços tecnológicos a nível internacional.
Segundo Alexandre Monteiro, Ministro da Indústria, este é um “desafio, uma aposta a nível mundial de termos transportes eficientes no que respeita ao consumo de energia e esta eficiência vai na linha da política global relacionada com a questão das mudanças climáticas e de protecção do ambiente”.
Para este governante, Cabo Verde está no momento ideal para fazer a transição dos combustíveis ‘clássicos’ como a gasolina ou o gasóleo para a energia eléctrica tendo em conta a aposta que o governo quer fazer na área das energias renováveis.
“Em Cabo Verde podemos associar as duas coisas, ou seja, o facto de o país estar a apostar num perfil energético com forte incremento de energias renováveis como forma de reduzir a nossa dependência externa relativamente ao petróleo e podemos também levar para o sector do transporte a energia renovável tendo em conta o perfil energético que referi”, explicava Alexandre Monteiro numa entrevista ao Expresso das Ilhas em Junho deste ano.
Mas, na verdade, este é um processo que está, ainda, a dar os primeiros passos.
O governo criou “um grupo de trabalho multidisciplinar que engloba, não só o sector da energia, mas também, o sector do ambiente, do transporte terrestre e a Associação Nacional de Municípios” que irá trabalhar na elaboração de um documento orientador de todo este processo de transição para a mobilidade eléctrica.
“Estamos a falar de um novo paradigma de transporte terrestre, o que vai exigir, também, conjuntos de criação de situações desde a logística ao enquadramento fiscal e um conjunto de sectores que terão de adaptar-se a um regulamento e quadro legal próprio”.
Dessa forma, garante Alexandre Monteiro, o grupo de trabalho que foi constituído pelo governo vai “acompanhar a elaboração da política nacional de mobilidade eléctrica e do próprio plano de operacionalização”, tendo já sido lançado o concurso que permitirá ao governo escolher a empresa de consultoria que vai “ajudar na elaboração desse plano operacional, no qual esse grupo de trabalho vai acompanhar todo esse processo de elaboração e validação dos procedimentos”.
Um plano que deverá estar concluído até final deste ano, altura em que será entregue ao governo para “aprovação e posterior adopção no país”.