Para limitar o aquecimento a 1,5 graus, um cenário que já implica consequências, os países teriam que quintuplicar os esforços, refere-se num relatório hoje publicado, a cinco dias da abertura da conferência mundial sobre clima COP 24, que se realiza na Polónia.
"A notícia mais alarmante é a discrepância entre o nível actual de emissões e o necessário para conter as alterações climáticas", afirmou à agência France Presse o coordenador do relatório, Philip Drost.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, referiu, numa entrevista à BBC, que "muitos países não estão a fazer o que se comprometeram em Paris", lembrando que "são precisos compromissos mais ambiciosos".
O empenho ou falta dele para limitar as emissões de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa "não vai resultar para evitar um aumento de três graus até ao final do século", considerou.
António Guterres notou que o mundo está "mais polarizado", com "mais abordagens nacionalistas a ganhar eleições ou com bons resultados eleitorais", ao mesmo tempo que diminui "a confiança da opinião pública" nas instituições e organizações internacionais.
"Falta a necessária vontade política", apontou à BBC, sem querer particularizar nenhum líder, mas indicando os Estados Unidos como um exemplo da "necessidade de mobilizar todos os níveis" da sociedade.
Sem citar o nome do Presidente Donald Trump, referiu que a decisão "do governo" norte-americano de denunciar o Acordo de Paris levou a uma "fantástica reacção de cidades, governadores, da sociedade civil" que se comprometeram a manter e cumprir as metas.
"Não devemos reduzir a discussão às posições pessoais. É um assunto global em que todos estamos a falhar", afirmou.
O Programa Ambiental aponta alguns progressos, como a explosão das energias renováveis, a eficácia energética, acções locais no sector dos transportes, que atribui ao dinamismo do sector privado e da investigação.