“O fecho das escolas acarreta altos custos sociais e económicos para as pessoas nas diferentes comunidades. Seu impacto, porém, é particularmente grave para os meninos e as meninas mais vulneráveis e marginalizados, assim como para suas famílias. A perturbação resultante daí exacerba as disparidades já existentes nos sistemas educacionais, mas também em outros aspectos de suas vidas”, lê-se no site da organização.
Segundo a agência das Nações Unidas, quando as escolas são encerradas, as crianças e os jovens ficam sem oportunidades de crescimento e desenvolvimento e as desvantagens são desproporcionais para os estudantes menos privilegiados, que tendem a ter menos oportunidades educacionais além da escola.
A má nutrição é uma outra consequência apontada pela UNESCO que afirma que muitas crianças e muitos jovens dependem das refeições gratuitas ou com desconto que são fornecidas nas escolas para terem alimentação e nutrição saudável.
Os professores também são afectados. De acordo com a mesma fonte, quando as escolas fecham, especialmente de maneira inesperada e por períodos ignorados, em geral, os professores não têm certeza de suas obrigações e de como manter vínculos com os estudantes para apoiar sua aprendizagem.
“As transições para plataformas de ensino a distância tendem a ser confusas e frustrantes, mesmo nas melhores circunstâncias. Em muitos contextos, o fechamento de uma escola acarreta licenças ou desligamentos de professores”, adverte.
Além disso, a UNESCO refere que os pais podem ter dificuldades em ajudar na aprendizagem das crianças em casa, principalmente aqueles com nível educacional e recursos limitados.
Nessa linha, a organização atenta que a transferência da aprendizagem das salas de aula para as casas, em grande escala e de forma apressada, apresenta enormes desafios, tanto humanos quanto técnicos.
“Na falta de outras opções, com frequência, os pais que trabalham deixam as crianças sozinhas quando as escolas são fechadas, e isso pode levar a comportamentos de risco, incluindo uma maior influência da pressão dos colegas e o uso de substâncias entorpecentes”, escreve.
Aliás, refere que os pais que trabalham são mais propensos a faltar ao trabalho para cuidar de seus filhos quando as escolas são fechadas. Isso resulta em perdas salariais e tende a causar impactos negativos na sua produtividade.
Já os profissionais de saúde com filhos têm dificuldades em comparecer ao trabalho, por terem de cuidar das crianças devido ao fechamento da escola. O que segundo a UNESCO, significa que muitos profissionais da área médica não estão nos hospitais e clínicas onde são mais necessários durante uma crise de saúde.
A UNESCO diz ainda que o fecho das escolas causa uma maior pressão sobre os estabelecimentos e sobre os sistemas educacionais que permanecem abertos, além de causar o aumento das taxas de abandono escolar.
“É um desafio garantir que crianças e jovens retornem e permaneçam na escola quando elas forem reabertas. Isso se aplica especialmente aos fechamentos prolongados e quando os impactos económicos pressionam as crianças a trabalhar e gerar renda para as famílias com problemas financeiros”, consta.
Quando as escolas são fechadas, prossegue a mesma fonte, aumenta a ocorrência de casamentos prematuros, mais crianças são recrutadas por milícias, aumenta a exploração sexual de meninas e mulheres jovens, a gravidez na adolescência se torna mais comum e o trabalho infantil igualmente cresce.
O fecho das escolas pode provocar ainda o isolamento social e as avaliações agendadas, principalmente os exames que determinam a admissão em instituições de ensino ou o avanço para novos níveis educacionais, são comprometidas.