A FECAP reage desta forma à decisão do Ministério da Educação de suspender o salário de quase quatro centenas de docentes do ensino básico e secundário em parte incerta, como forma de tentar localiza-los. Em entrevista na tarde desta segunda-feira à Rádio Morabeza, o presidente da Federação Cabo-verdiana dos Professores (FECAP), João Cardoso, diz que, a ser verdade, alguém tem de ser responsabilizado.
“A ser verdade, é consequência de uma gestão muito tendenciosa. Como se costuma dizer, é um caso de polícia e, pela sua abrangência, do nosso ponto de vista, é um caso de justiça mesmo. É algo que, se vem acontecendo há muito tempo, alguém tem que ser responsabilizado”, defende.
Além dos cerca de 400 professores com paradeiro incerto, o Ministério da Educação dá conta de mais 1700 docentes que não estão inscritos em qualquer actividade lectiva. A Federação Cabo-verdiana dos Professores estranha o número e lembra que há sempre um decisor por detrás da mobilidade dos professores.
“Estranhamos, até certo ponto, esse número, porque é muito abrangente. Mas não queremos dizer que não se trata de verdade. Os professores não têm o livre arbítrio de estarem colocados aqui ou acolá", recorda.
Questionado sobre se a Federação tem conhecimento de casos do género, João Cardoso diz:
“Nós não suspeitamos, mas vemos certa gestão em que por tudo e por nada nós encontramos, por exemplo, uma delegação onde antes haviam 10 ou 15 pessoas, nós encontramos 30 ou 40. Encontramos uma escola onde se encontrava um professor a dar apoio, que depois apresenta um número exagerado. Alguém está na escola a trabalhar e mais dia ou menos dia está em gabinetes nos serviços centrais”, exemplifica.
As informações sobre os professores, cujo paradeiro o Ministério da Educação desconhece, e sobre aqueles que não estão inscritos em nenhuma actividade lectiva foram avançadas à imprensa pela ministra da Educação, Família e Inclusão Social, no final de uma visita de seis dias a Santo Antão.
A FECAP defende que a situação deve ser tirada a limpo.