Jorge Cardoso, vice-presidente do sindicato, lembra que este é um problema que se arrasta desde o ano lectivo passado e crítica aquilo que classifica de deriva do Ministério da Educação na gestão dos manuais escolares.
“Até este momento, recebemos de Santo Antão à Brava, queixas de professores pais e encarregados de educação [devido à falta de manuais escolares]. É um problema que vem desde o ano lectivo anterior, onde assistimos a manuais com graves erros. Estamos com problemas de manuais em todos os níveis, há alguns que nem sequer existem. É uma situação que lamentamos (...) o Ministério anda à deriva”, afirma.
As aulas começaram no dia 17 de Setembro mas até este momento a maioria dos manuais escolares do ensino primário não estão disponíveis nem nas escolas, nem nas papelarias.
Numa publicação na sua página na rede social Facebook, no dia 10 de Outubro, o Ministério da Educação dava conta que os manuais e os guias já estavam disponíveis através das papelarias e livrarias do país, e que os cadernos experimentais poderiam ser encontrados nas delegações e escolas.
Na mesma nota, indicava a tutela que o manual de matemática do 1° ano e os cadernos experimentais do 2º, 3º e 4º anos de escolaridade só estavam disponíveis online, sendo que a versão impressa deveria ser colocada nas papelarias e livrarias "em breve".
Jorge Cardoso desmente esta versão e lembra que os professores não fazem milagres.
“Estamos a denunciar precisamente isso porque os professores não conseguem fazer milagres, principalmente os que estão na periferia. Porque ainda nos centros urbanos, onde os professores têm acesso à Internet, as pessoas podem fazer a programação em conjunto, fazer pesquisas mas os professores que estão nas periferias, onde nem os alunos e nem os professores têm acesso à Internet, não é possível. Mas isto tudo está relacionado com a má preparação do ano lectivo”, sublinha.
A falta de professores no ensino secundário é outra denúncia do sindicato. Segundo o SINDEP, faltam faltam docentes de línguas, matemática, físico-química, educação física, educação artística e informática. Jorge Cardoso afirma que esta situação deve-se à má planificação do Ministério da Educação.
“Desde o ano passado, quando realizaram o concurso, nós alertamos o Ministério da Educação que não estavam a fazer a planificação ou realização do concurso segundo os estatutos da carreira do pessoal docente, porque tinham professores no sistema a quem deram término de contrato, abriram o concurso sem planificar e é por essa razão que ainda o ministério continua sem professores em várias escolas do país”, diz.