​Governo decreta dois dias de luto nacional pela morte do Bispo Emérito Dom Paulino Évora

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,16 jun 2019 19:40

O Governo decretou hoje dois dias de luto nacional pela morte do bispo emérito Dom Paulino Évora, a partir de segunda-feira 17, informou o ministro da Presidência do Conselho de Ministros Fernando Elísio Freire.

Em declarações à Radio de Cabo Verde, Fernando Elísio Freire lamentou a morte do bispo Dom Paulino Évora e expressou as condolências à igreja católica e à família enlutada.

“É uma profunda tristeza, o Governo lamenta profundamente a morte de Dom Paulino, o bispo do povo cabo-verdiano, foi o primeiro bispo de Cabo Verde, mas acima de tudo pela humanidade, dignidade da pessoa humana que ele sempre defendia, acima de tudo por ter colocado em prática a doutrina social da igreja, praticar o bem comum e estar sempre ao serviço do povo do seu país”, declarou.

Conforme anunciou Fernando Elísio Freire, o Governo irá decretar o luto nacional de dois dias nos termos da legislação cabo-verdiana, lembrando, a esse propósito, que Dom Paulino “representava o homem cabo-verdiano e transmitiu valores da humanidade e da retidão para todos os cabo-verdianos, independentemente da religião que cada um professava”.

Presidentes da Republica e da Assembleia Nacional lamentam morte de Dom Paulino

Também o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, reagiu hoje com “muita consternação e tristeza” à morte de Dom Paulino Évora, quem, segundo disse “representou uma figura de marca da igreja católica cabo-verdiana.

O chefe de Estado realçou que Dom Paulino Évora “foi uma personalidade de referência na vida nacional, particularmente na pós-independência” e que “Cabo Verde perde uma personalidade que teve uma importância crucial na afirmação da Igreja católica em Cabo Verde, figura de referência na missão de evangelização da igreja”.

“É também um homem discreto, sereno e uma personalidade muito forte e marcante, cujo pensamento contribuiu inegavelmente para um certo percurso que o país teve. Paralelamente a este percurso, uma referência moral para o país, enquanto “defensor de um desenvolvimento centrado no homem, na pessoa humana”.

Jorge Carlos Fonseca lembrou que Dom Paulino Évora “dizia sempre que o desenvolvimento que não tem no encontro o homem não é, verdadeiramente, o desenvolvimento”, sublinhando que os critérios que defendia foram sempre de “dignidade da pessoa humana e da sua afirmação, enquanto defensor dos valores da liberdade.

“Foram estes critérios que rodearam, assente na sua visão e avaliação do percurso que o país foi tendo. Neste sentido foi crítico em relação aos aspectos do partido único (…), Dom Paulino nunca foi um homem ligado a partidos políticos e foi crítico sempre que era necessário que fosse”, afirmou.

Segundo Jorge Carlos Fonseca, Dom Paulino sempre teve uma ideia muito clara de que o trabalho fundamental de evangelização implicava que a autonomia, liberdade e independência em relação aos poderes políticos e de qualquer outro, e tinha outras características que lhe parecia ser “um homem severo, convicto”.

Recordou, por outro lado, que logo no início do seu mandato enquanto Presidente da República pretendia agraciar-lhe com uma contribuição do Estado, “pela sua figura de religioso, mas também muito importante na vida”, mas muito delicadamente e simpaticamente declinou o convite, porque “preferia estar no seu canto”.

Jorge Carlos Fonseca lembrou ainda que recebeu conselho de Dom Paulino aquando da sua visita ao Vaticano, onde foi recebido pelo Papa Francisco, e ter falado do processo de Beatificação do Escravo Manuel, da história da Igreja católica em Cabo Verde, da relevância da Diocese da Ribeira Grande na Evangelização em Cabo Verde e do resto da África.

Do mesmo modo, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, lamentou hoje a morte do bispo Dom Paulino Évora, considerando que o mesmo foi um homem que marcou profundamente a evolução da igreja católica e o sentimento cristão dos cabo-verdianos.

“É um momento de muita tristeza para todo Cabo Verde, o bispo Dom Paulino Évora, o homem que desde a independência nacional marcou profundamente a evolução, o sentimento cristão dos cabo-verdianos aqui e na diáspora”, afirmou realçando que o momento é de luto e também para recordar os feitos positivos e todo o projecto de evolução da igreja católica conseguidos com o contributo do bispo Dom Paulino.

O presidente da casa parlamentar mostrou-se convicto de que as gerações cabo-verdianas, autoridades públicas e a sociedade cabo-verdiana saberão honrar e perpectuar o nome de dom Paulino Évora na historia de Cabo Verde.

Dom Paulino Évora nasceu na Cidade da Praia, Diocese Santiago de Cabo Verde, em 22 de Junho de 1931, foi primeiro cabo-verdiano a ser ordenado Sacerdote em Carcavelos, Portugal, a 16 de Dezembro de 1962 e eleito Bispo de Cabo Verde em 21 de Abril de 1975.

Tomou posse da diocese a 22 de Junho de 1975 e exerceu o ministério em condições humanas e sociais difíceis e culturalmente adversas, especialmente nos anos 70 e 80, tendo sido eleito Bispo Emérito desde Julho de 2009.

Dom Paulino Évora, faleceu na residência das Irmãs Franciscanas em Achada Santo António, na Cidade da Praia e completaria, no próximo dia 22 do corrente mês, 88 anos de idade e 44 da tomada de posse da Diocese de Santiago de Cabo Verde em 1975.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,16 jun 2019 19:40

Editado porFretson Rocha  em  16 mar 2020 23:20

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