Paridade no Mercado de trabalho - Os dados da OIT : Cabo Verde: Mulheres são a maioria dos trabalhadores qualificados mas ganham, em média, menos do que os homens

PorSara Almeida,18 jan 2020 6:06

A Organização Internacional do Trabalho, OIT, publicou esta segunda-feira, 13, uma análise sobre a equidade de género nos mercados de trabalho. Os dados mostram que Cabo Verde já conquistou a paridade no que toca a cargos qualificados (51%) e de gestão (48%). Contudo, em média ganham menos e estão menos presentes no mercado de trabalho.

Os dados sobre Cabo Verde mostram que hoje as mulheres constituem 51% dos trabalhadores com ocupações qualificadas, mais do que a média mundial que se situa em 43%.

A paridade também já foi atingida no que toca a lugares de gestoras (managers), onde 48% dos cargos são ocupados por mulheres. Uma percentagem bastante melhor do que os dados mundiais que apontam para apenas 27%, o que mostra, de acordo com a OIT, que a percentagem de mulheres em trabalhos de administração praticamente não mudou em duas décadas. Este é um dos indicadores onde Cabo Verde se mostra bem posicionado. Melhor inclusive que a melhor marca regional, que se localiza na América Latina e no Caribe, com 39%.

Apesar desses indicadores positivos, também há mais mulheres que não estudam, nem trabalham, nem estão em formação (NEET) do que homens. Mais 10 pontos percentuais. Dados alinhados com os do Instituto Nacional de Estatística relativos ao Mercado de Trabalho, no 1.º semestre de 2019, que referem que a percentagem de jovens que não estudam nem trabalham baixou de 30,6% em 2018, para 28,6. Contudo, a diminuição apenas se registou no sexo masculino. Nas raparigas, a taxa aumentou de 32,7% para 35,5% na primeira metade de 2019.

Voltando ao estudo da OIT. Além disso, as mulheres ganham em média 7% menos do que os homens. Mesmo assim, é uma diferença que representa menos de metade da média mundial: a diferença salarial média nos 115 países analisados pela OIT é de 14%.

Isso poderá não querer dizer que as mulheres que ocupam cargos qualificados ou de gestão ganhem menos do que os homens. Em Cabo Verde. No que se refere ao cômputo mundial, diz a OIT que “cerca de 73% de todos os gerentes são homens, bem como 77% dos trabalhadores artesanais e comerciais. Esses dois grupos representam as duas categorias onde as diferenças salariais entre os géneros são maiores”.

Recorde-se ainda no que toca aos dados do INE, já referidos, por exemplo, a taxa de subemprego é de 27,2% para as mulheres (21,7%, no geral), o que mostra um país a duas velocidades no que toca à paridade das mulheres no mercado laboral.

As mulheres cabo-verdianas também apresentam uma diferença na “participação da força de trabalho” de 8 pontos percentuais, segundo este estudo da OIT, que se baseia em dados de 2018.

Panorama mundial

A verdade é que a desigualdade no mundo laboral e económico é ainda enorme. O estudo da OIT mostra como a “desigualdade no local de trabalho se reflecte na diferença de salários entre homens e mulheres, os cargos desempenhados e as oportunidades para as mais jovens”.

As mulheres representam 39% de todos os trabalhadores do mundo, mas apenas 27% dos trabalhadores administrativos, como vimos, sendo que este é um cenário que se manteve praticamente inalterado desde o início do século XXI.

Olhando em termos de região, a análise mostra que há uma maior presença de mulheres gestoras na América Latina e no Caribe, com 39%, e na América do Norte e Europa, com cerca de 37%. A Ásia Ocidental e o Norte da África tinham os valores mais baixos, com apenas 12%.

Os hiatos de gênero são mais profundos para as jovens mulheres, que, segundo a agência da ONU, continuam sendo deixadas para trás.

“Mulheres com idades entre os 15 e 24 anos têm mais proba­bilidade de ficar desem­pre­gadas do que homens na mesma faixa etária, com grandes diferenças em algumas partes do mundo. Nos Estados árabes, por exem­plo, a taxa de desemprego das mulheres jovens era cerca do dobro da dos homens da mesma idade na última década, lê-se no relatório que acompanha a tabela.

A taxa de inatividade também é muito maior para as jovens em todas as regiões. E a diferença na percentagem de mulheres jovens que não estão empregadas, não estudam ou estão capacitadas é ainda mais acentuada nas áreas rurais. “Globalmente, em 2018, a taxa de jovens nessa situação era 30% para mulheres e 13% para homens”.

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Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 946 de 15 de Janeiro de 2020. 

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Autoria:Sara Almeida,18 jan 2020 6:06

Editado porAntónio Monteiro  em  10 out 2020 23:21

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