O governante fez esta afirmação numa entrevista à Inforpress, onde elencou as preocupações que a autoridade cabo-verdiana apresentou durante a reunião virtual co-organizada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a União Africana (UA), que teve lugar no dia 16.
Durante esta reunião, segundo uma nota enviada à imprensa no dia 18, ambas as organizações e os seus parceiros internacionais qualificaram o sistema alimentar e agrícola como “um serviço essencial que deve continuar a operar durante este período de confinamento, de emergência, de recolher e de outras medidas”.
De acordo com o ministro, Cabo Verde como um País pequeno e insular, que se apresenta no contexto global como um País de “muitas fragilidades”, que está a viver três anos consecutivos de seca, vem sofrendo um impacto “muito forte” na sua economia com esta pandemia.
“Nós temos, efectivamente, o peso do turismo na economia muito significativo e o turismo e os transportes, sobretudo, são das áreas mais afectadas, portanto a pandemia da COVID- 19 tem um impacto muito forte em Cabo Verde, ou seja, Cabo Verde se apresenta diante dos países como um dos estados mais impactados pela pandemia”, afirmou.
Neste contexto, avançou, defenderam um “tratamento especial” para o País no que toca à mobilização de fundos para programas e projectos que têm que ver com o relançamento da economia na pós-crise.
Na ocasião, manifestaram ainda a preocupação do arquipélago no que tange à reprogramação dos fundos para que se possa injectar recursos na economia agrária, com vista a poderem garantir o rendimento das famílias e por esta via mitigar todos os impactos sobre a segurança nutricional e alimentar.
Por outro lado, segundo Gilberto Silva, manifestaram preocupação em relação ao comércio dos produtos agrícolas, visto que Cabo Verde importa cerca de 80 por cento dos produtos alimentares que consome.
“Manifestamos as nossas preocupações em relação aos preços, portanto, os mecanismos de estabilização dos preços no mercado, de maneira a que possamos continuar a adquirir no mercado internacional alimentos a um preço estabilizado, pois com um possível aumento ou especulações nos preços no mercado internacional iriam prejudicar o nosso País”, expôs.
A questão da mobilização da água e das pragas, principalmente a do gafanhoto, foram as outras preocupações apresentadas pelos estados-membros.
Esta reunião que contou com a participação dos ministros dos 55 estados-membros da UA, segundo o governante, foi “fundamental” para apresentarem informações e articularem as “grandes políticas” que cada país vem adoptando durante esta fase da pandemia.
A declaração final deste encontro, ainda, está a ser trabalhada, informou, e deverá espelhar aquilo que tem a ver com as principais preocupações dos países e daquilo que deve ser o alinhamento do sector agrário agora e no período pós crise.
Fazendo alusão às políticas que Cabo Verde tem levado a cabo, apontou o programa de assistência alimentar para as famílias, sobretudo as mais vulneráveis.
Para além disso, Gilberto Silva lembrou que o Governo está a trabalhar outros aspectos, como seguir o estoque alimentar do País, seguir os preços nos mercados internacional, mas acima de tudo está a trabalhar nas medidas de políticas que terão que ser implementadas no período pós crise.
As medidas de política, frisou, estão relacionadas com a promoção do emprego e de tudo aquilo que permite a continuidade da produção de alimentos, ou seja, vão ter que reforçar a agricultura.
“Se um lado, nós temos dificuldades no sector agrário por causa da COVID-19, também a agricultura apresenta-se à frente de uma oportunidade para todos no campo, no sentido de se nós promovermos ainda mais todas as actividades, fazermos o devido fomento, podemos estar a criar muito mais oportunidade de emprego e de produção, que é fundamental para garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias”, assegurou.
O Ministério da Agricultura e Ambiente, diz o titular desta pasta, está a fazer a revisão dos seus programas e projectos no sentido de darem maior prioridade à promoção do emprego e à produção em si.
Mesmo estando o País em estado de emergência, o Governo, indicou, tem estado a permitir a continuidade das actividades da produção, processamento e distribuição de alimentos, a continuidade de todos os serviços de produção e distribuição de água e saneamento e está a facilitar e simplificar os procedimentos administrativos inerentes ao comércio de produtos alimentares.
Relativamente ao estoque dos produtos básicos, garantiu que não há nenhuma ameaça, uma vez que em relação ao milho o País tem um estoque que dá até Agosto, arroz até finais de Setembro, trigo até finais de Agosto, açúcar até terceira semana de Setembro, os feijões podem atingir o início do mês de Novembro, o leite até meados de Agosto e o óleo alimentar até Junho.
“Portanto, nós temos tempo para as novas importações e reposição do estoque”, garantiu.