Jorge Carlos Fonseca fez essa declaração, na sua mensagem alusiva ao Dia Internacional das Famílias, que se celebra hoje, 15 de Maio.
“No particular momento de crise que estamos a enfrentar, devido à pandemia da COVID-19, as famílias ganharam um peso específico por serem absolutamente fundamentais no combate a essa doença. Se as medidas de higiene pessoal a consciencialização relactivamente às demais práticas preventivas não forem assumidas e cultivadas no seu seio, muito possivelmente não serão praticadas fora dela, comprometendo todo o processo”, aponta.
Segundo Jorge Carlos Fonseca, esse papel é exigido num quadro de elevadas pressões, decorrentes do confinamento social que obriga a um convívio anormalmente intenso dos seus membros, muitas vezes em condições físicas muito precárias, o que pode potenciar conflitos latentes.
o chefe de Estado sublinhou que num contexto em que os rendimentos de grande parte das famílias podem estar seriamente comprometidos e em que o núcleo familiar tem de absorver as crianças e jovens com actividades escolares interrompidas, para além de proteger dos seus idosos, a importância da família assume um papel ímpar.
“Sabemos que as condições das famílias são desiguais. Se determinadas famílias podem fazer face a essa terrível realidade com alguma tranquilidade, o mesmo não se poderá dizer de uma boa parte das famílias cabo-verdianas”, reconhece.
Para o Presidente da República, as condições de habitação, trabalho, educação e rendimento são muito limitadas e, por isso, têm de ser objecto de atenção especial. “Se é um facto que parte das suas necessidades têm sido supridas pelo Governo e por movimentos solidários, é fundamental que o apoio seja intensificado para que o sacrifício pedido seja mais suportável”.
Jorge Carlos Fonseca escreveu ainda que a situação de emergência que estamos a atravessar não nos pode fazer esquecer os grandes constrangimentos por que passam a grande maioria das famílias cabo-verdianas, reflexo das grandes desigualdades que ainda imperam entre nós.
Ademais, apelou ao Governo a ter sempre presente o papel central que as famílias devem ter no processo de desenvolvimento do país que se quer verdadeiramente inclusivo. “Ao mesmo tempo que devem ser criadas as condições para que as famílias participem da elaboração de políticas que lhes dizem respeito, é fundamental que uma das manchas que ensombram a nossa sociedade- a violência baseada no género-, seja definitivamente erradicada”.
O chefe do Estado lembrou que tem apoiado vários projectos e eventos de promoção da igualdade e equidade do género, como a Semana de Reflexão sobre a Violência Baseada no Género, cuja segunda edição se inicia exactamente neste Dia Internacional da Família com uma Conferência Internacional online sobre a temática “VBG em tempos de pandemia”.
“A união dos esforços das entidades estatais com as da sociedade civil organizada e a sistematização do trabalho conjunto e em rede são preponderantes para que haja respostas adequadas e atempadas para as famílias, principalmente as que não dispõem de condições dignas de vida”, sublinha.
E acrescenta que apesar das dificuldades, não devemos ser prisioneiros das circunstâncias limitantes que enfrentamos, mas devemos projectar um futuro mais proficiente para todos. “Podemos, pois, aproveitar este período de readaptação para recriarmos os sistemas de produção e distribuição dos recursos no país, reimergindo-nos mais equitativos e justos”.