A sindicalista, que falava à Inforpress a propósito do debate sobre o Estado da Nação que tem lugar esta semana no parlamento, adiantou que há um clima de medo e desespero no seio dos trabalhadores que estão na ilha do Sal com arrendamentos elevados e sem rendimentos para sustentar a familiar e honrar os seus compromissos.
“Muito estão a arrumar as suas coisas a colocar no barco para virem para Santiago porque não tem nada no Sal e não se vislumbra uma data para a normalização da situação. A única coisa que têm é uma mensagem do dono da empresa, da Icelandair, a pedir calma porque o Governo e o INPS estão tratar dos seus salários”, disse.
Para Joaquina Almeida essa mensagem só mostra o descaso da administração da empresa, recentemente privatizada, já que na sua perspectiva, nessa situação, é o dono que tem a responsabilidade de pagar salário e não o Governo que é o segundo maior accionista.
“Quem tem 51% das acções da empresa é que tem de assumir as responsabilidades. Não pode ficar lá na Islândia e mandar mensagens aos trabalhadores que estão a sofrer e não podem fazer greve e não podem fazer nada, porque estão todos com medo. O medo paira no mundo laboral e particularmente na ex-TACV. Hoje mais do que nunca os trabalhadores estão aflitos”, adiantou.
Por outro lado Joaquina Almeida avançou que na qualidade de parceiro social a UNTC-CS já solicitou ao Governo cópia do documento sobre a revisão dos objectivos da CVA que foi anexado ao orçamento rectificativo e que tomou conhecimento através da comunicação social.
“Nós enquanto representante dos trabalhadores temos que ter conhecimento dos termos dessa revisão porque o orçamento rectificativo que foi apresentado aos parceiros no dia 26 de Junho não trazia absolutamente nada sobre o sector aéreo e o sector aeroportuário. Agora tomamos conhecimento que o Governo já anexou o documento sobre esse modelo de negócio. Então nós queremos saber o que consta no documento”, explicou.
Em Março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV por 1,3 milhões de euros à Loftleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
Outra parcela, de 10%, foi vendida no segundo semestre de 2019 a trabalhadores e emigrantes cabo-verdianos.
Na sequência da Pandemia o Governo anunciou a revisão do plano e negócios, para reposicionar a empresa para o cenário pós-pandemia.