A decisão, na linha da aposta da aposta do governo na dessalinização, consta de uma resolução do Conselho de Ministros, de 14 de Dezembro, e refere-se a uma unidade com capacidade para produzir 1.200 metros cúbicos de água potável por dia, propriedade da empresa pública ELECTRA e que será adquirida para ser colocada ao serviço da também estatal Águas de Santiago.
“Embora mitigada pelo efeito das chuvas caídas neste ano, a situação mantém-se crítica em todas as ilhas, designadamente em Santiago, com mais de 50% da população residente no país, onde, para além dos caudais de muitos furos atingiram o limite da sua exploração, regista-se o problema da qualidade de água que é abastecida”, lê-se na Resolução.
Na ilha de Santiago, os municípios mais afectados são Santa Catarina, São Salvador do Mundo, São Lourenço dos Órgãos, Tarrafal, São Miguel e São Domingos, “tradicionalmente servidos por água de origem subterrânea”.
A compra do equipamento à ELECTRA será feita por cerca de 56,8 milhões de escudos, através do orçamento do programa estatal de mitigação e de resiliência à seca em Cabo Verde, permitirá garantir a “continuidade do abastecimento público de água”, estando prevista operação idêntica para outro equipamento do género armazenado na ilha de São Vicente. Estas decisões atendem à aposta no investimento em equipamentos de dessalinização.
O Governo declarou em Janeiro deste ano a situação de emergência hídrica, devido à seca acumulada nos últimos anos, admitindo neste período limitações temporárias ao consumo de água. A decisão foi então justificada com as “circunstâncias que o país enfrenta de extrema escassez de chuva” desde 2017, com “impactos diretos na saúde, na agricultura e na economia”.
“Considerando que os volumes precipitados não tiveram recuperação no volume de água armazenado nos principais reservatórios do país e que a disponibilidade de água nessas infraestruturas não foi satisfatória”, justifica-se ainda no texto da resolução que declarou, então, a emergência.
No documento era referido igualmente que o “nível da disponibilidade hídrica subterrânea estimado se encontra abaixo do valor indicativo praticado pelas Nações Unidas, o que coloca o país numa situação de emergência hídrica” e que a “irregularidade da precipitação em Cabo Verde é agravada com situações frequentes de escassez hídrica para o consumo humano e uso na agricultura, o que justifica a necessidade urgente de adopção de medidas que permitem uma gestão adequada da água”.