Prevenção continua a ser a melhor arma

PorAndre Amaral,17 abr 2021 8:22

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Cabo Verde conheceu desde o início do mês um aumento brusco de casos de COVID-19. Actualmente há 1902 casos activos e o número de óbitos subiu para 189.

Fazendo uma comparação com Março o Director Nacional de Saúde, Jorge Barreto, referiu que durante aquele mês morreram 21 pessoas com COVID-19 em todo o país. “Ainda não estamos no meio de Abril e já temos 15 mortos”, lamentou.

A taxa de ataque, ou seja, o número de pessoas a quem já foi diagnosticada a infecção “é ainda muito baixa”, cerca de 3%, explica Jorge Barreto que lembra que nesse universo 77% das pessoas são assintomáticas. Os sintomáticos são “pouco mais de quatro mil”.

Este aumento do número de casos, por força desta baixa taxa de ataque, não é surpresa para o Director Nacional de Saúde. “Se formos extrapolar a taxa de ataque de cerca de 3%, que é baixa, e formos considerar que, se calhar, há muito mais pessoas que já tiveram a infecção mas não foram identificadas, e formos aumentar a taxa de ataque para 10 vezes mais, ainda estaremos muito abaixo do limiar da imunidade de grupo. Ainda há muitas pessoas susceptíveis. Por isso não é algo inesperado”.

Prevenir, sempre prevenir

Para o Director Nacional de Saúde a aposta na prevenção continua a ser a melhor aposta.

“Não se deve baixar a guarda em relação à prevenção, porque o vírus ainda continua a circular”, aponta Jorge Barreto e a taxa de positividade ajuda a explicar a intensidade com que o vírus circula, isto porque se for superior a 4% durante vários dias significa que o vírus ainda está a circular de forma sustentada na comunidade.

Outra forma de ‘medir’ a intensidade com que o vírus circula entre a comunidade é pela taxa de incidência. Se for superior a 25 casos/100 mil habitantes o vírus circula, explica Jorge Barreto.

“Pelos dados só a Brava é que tem uma taxa de positividade inferior a 4% e uma taxa de incidência acumulada nos últimos 14 dias inferior a 25/100 mil habitantes. Nas outras ilhas, há algumas que têm uma situação mais preocupante porque têm muito mais gente e têm uma probabilidade de relações interpessoais muito maior. Aí a possibilidade de transmissão é maior. Se as pessoas não tiverem cuidado na prevenção a coisa vai disparar”, aponta.

Crescimento no Sal

Além da Praia, o Sal tem sido o ponto onde a infecção mais se tem espalhado desde o início deste mês de Abril.

O Sal estava, há já algum tempo, numa situação aparentemente tranquila no que respeita a casos de COVID-19. Tudo mudou neste mês de Abril em que passou a ser o segundo ponto de transmissão da doença no país.

No Sal “é a mesma coisa” que na Praia, diz o Director Nacional de Saúde que afasta qualquer ligação entre o aumento de casos e o regresso dos turistas àquela ilha. “Não tem nada a ver, porque as pessoas ficam confinadas nos hotéis”. “As pessoas vêm com testes feitos”, relembra.

“Não sei como surgiram estes casos. É difícil dizer”, começa por destacar o delegado de Saúde do Sal. Mas a verdade é que “com a chegada de pessoas de outras ilhas estávamos à espera disso mesmo. Não é surpresa”, reforça José Moreira.

Para este responsável “as pessoas não devem baixar a guarda” no que respeita à prevenção.

Outra explicação para o crescimento do número de casos pode ser uma variante nova do SARS-CoV-2 que provoca a COVID-19. “Acreditamos que esta variante é diferente, porque numa casa uma pessoa infectada infecta todos os outros” que lá vivem.

José Moreira defende que pode ter havido “um baixar de guarda” no que respeita à prevenção. “As pessoas usavam máscara e agora ninguém usa. Todo o mundo anda na rua, retomaram as suas actividades. Durante o Estado de Emergência estávamos todos confinados, não havia convívio entre as pessoas, e depois tínhamos a questão dos casos positivos serem isolados nos hotéis, agora todo o mundo tem de ficar em casa. A situação é diferente” de antes “pela característica do vírus e pela forma como estamos a isolar as pessoas”.

“Situação preocupante” em São Nicolau

Também em São Nicolau os números têm vindo a crescer rapidamente. Em declarações à agência Lusa o delegado de saúde do Tarrafal de São Nicolau, António Diniz Gomes, revelou que o número de casos novos tem “crescido consideravelmente” e reiterando que os casos na ilha são oriundos de Santiago e Sal, a partir destes, iniciou-se a transmissão comunitária.

António Diniz Gomes disse que tem observado que há um “desleixo” por parte da população, que não obstante todas as medidas impostas e a divulgação das mesmas nos mais diversos meios, as pessoas insistem em não usar as máscaras e a evitar o distanciamento social e físico.

Segundo o delegado, inicialmente o vírus encontrava-se somente nas cidades e que agora há contágios nas zonas rurais, ou seja, o vírus alastrou-se pela ilha.

o substituto do delegado da Saúde da Ribeira Brava, Orlando Andrade, adiantou à Inforpress que os casos naquele concelho começaram a aumentar depois da ocorrência, recentemente, de um baptizado e de um funeral na zona de Cachaço, onde houve muitas aglomerações.

A situação epidemiológica naquele município é “crítica”, informou Orlando Andrade, para quem os casos estão a aumentar “muito progressivamente”. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1011 de 14 de Abril de 2021 e editado a 17 de Abril com a actualização do número de casos e óbitos no país. 

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Autoria:Andre Amaral,17 abr 2021 8:22

Editado porAndre Amaral  em  23 jan 2022 23:20

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