O Chefe do Estado afirmou que Onésimo Silveira é um nome incontornável na história da segunda metade do século XX e início de XXI, nestas ilhas que ele tanto amou e às quais dedicou toda a sua vida. “De personalidade forte e corajosa, Silveira é daqueles vultos que passam pela vida como um furacão, não deixando ninguém indiferente e influenciando todos os que com ele cruzaram”.
E destacou que na política, na literatura, na diplomacia, Silveira foi uma das vozes inconformadas com a situação do seu povo. “Procurou ainda muito jovem compreender as origens do seu sofrimento, o impacto da pobreza na sua vida e denunciar o abandono pelas autoridades coloniais, numa militância solidária pela justiça, pela liberdade, pela verdade histórica e política e pela democracia. Um combate iniciado pelos corredores das Nações Unidas, nos bancos da universidade, na militância política, na clandestinidade, correndo atrás do sonho do poema novo e libertário, desejado pelo povo das ilhas”.
Segundo Jorge Carlos Fonseca, Silveira foi sempre um inconformado e intransigente para com o poder instituído, denunciando ideias, posturas e atitudes, na história recente do país e nestes primeiros passos do regime democrático.
“Uma inquietação que lhe serviu de propulsor para abraçar a causa pública à frente da segunda maior câmara municipal do país, no arranque da nossa segunda república. Mas também como homem de letras, interventivo e implacável nos seus ensaios políticos, sociais e antropológicos, crítico severo nas suas teses e ambicioso na sua literatura, na poesia e nos romances de cariz social que nos deixa”, destaca.
E que a sua marca fica também na defesa de uma administração do país mais próxima dos cidadãos e nas ideias e reflexões, espalhadas pelos jornais, sobre diferentes assuntos. " Onésimo Silveira era muitos homens num só, mas todos comprometidos com um só destino, o do seu povo, o da sua terra Cabo Verde. Escreveu livros, viajou, conheceu o mundo e personalidades históricas, liderou uma autarquia, fundou um partido político, foi embaixador e deixou a sua pegada histórica ao lado daqueles que fizeram de Cabo Verde a sua causa maior".