​Onésimo Silveira foi hoje a enterrar

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,30 abr 2021 18:31

O corpo de Onésimo Silveira foi hoje a enterrar no cemitério de São Vicente. Mas antes, foi realizada uma cerimónia fúnebre em homenagem ao primeiro presidente eleito da edilidade mindelense, que decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

A morte de Onésimo Silveira provocou várias reações de elogio e de evocação. Presente na cerimónia, o Governo, através do ministro da Economia Marítima, Paulo Veiga, lamentou a perda de “um distinto homem de letras, poeta, escritor, ensaísta e um grande democrata”.

“Hoje honramos a vida e a obra de um grande homem, de um distinto cidadão das ilhas, de um cabo-verdiano digno de todas as diferenças e honras. Um dos grandes intelectuais cabo-verdianos conhecido também pela sua veia interventiva e de protesto sobre a condição humana. Onésimo era, sem dúvida, o último de uma geração que foi estrutural para a configuração dos limites de que hoje podemos chamar a cabo-verdianidade poética idiossincrática, mas também cidadã e democrático”, refere.

Para Paulo Veiga, o legado maior de Onésimo Silveira é o exemplo de participação cidadã como homem da cultura, e que fez dela arma de intervenção sociopolítico, de empoderamento de gerações e instrumento de afirmação da identidade da ilha de São Vicente.

“São Vicente e Cabo Verde saberão honrar o seu legado político e cultural, pela sua influência permanente na vida de quem com ele conviveu, mas também no funcionamento das instituições por onde ele passou”, diz.

Na sua intervenção, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, recordou uma “figura ímpar de Cabo Verde e do mundo”.

“Homem que, ao longo da sua vida, dedicou a sua carreira pública em prol do povo das ilhas sempre com abnegação e espírito de missão. Cidadão do mundo, com uma vivência multifacetada, diplomata fino e de profunda visão, controverso e polémico pragmático magnetizava toda a audiência com um poder de oratória inigualável”, aponta.

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A presidente da Assembleia Municipal de São Vicente também discursou. Dora Pires entende que Cabo Verde perdeu “um grande homem”, e que cabe a todos seguir o seu legado.

“É uma perda irreparável. Perdemos um grande homem, um dos maiores da nossa terra, um homem culto, inteligente e que teve atuação certa em momentos certos. Por isso ele deixa um legado que cabe a todos nós seguir”, realça.

Após a cerimónia na Câmara Municipal de São Vicente, o cortejo seguiu para a Universidade do Mindelo, onde Onésimo Silveira foi distinguido, em 2011, com o doutoramento Honoris Causa.

Falecido esta quinta-feira, 29, aos 86 anos, no Mindelo, a sua cidade, Onésimo Silveira a enterrar esta tarde no cemitério de São Vicente.

Onésimo Silveira nasceu em 1935, na ilha de São Vicente e doutorou-se em Ciências Políticas pela Universidade de Uppsala (Suécia), em 1976, ano em que começou a trabalhar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Em 1977, transitou para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados com o estatuto de diplomata. Ali permaneceu até dezembro de 1990, trabalhando em países como Somália, Angola e Moçambique.

Em 1992, tornou-se o primeiro presidente eleito da Câmara Municipal de São Vicente, cargo que desempenhou até 2001.

Em 2002 foi colocado como embaixador em Portugal.

A nível cultural, é considerado um dos mais proeminentes membros da elite literária cabo-verdiana, tendo muitos trabalhos publicados no campo da literatura e do ensaio.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,30 abr 2021 18:31

Editado porFretson Rocha  em  9 fev 2022 23:20

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