António Monteiro diz que, no debate sobre o Orçamento de Estado, que tem a duração de cinco horas, a UCID tem 16 minutos. Ao invés, num debate de seis, apenas dispõe de dez minutos, o que considera insuficiente.
"A mesa e os partidos políticos, porque temos o PAICV e o MpD que fazem também parte da comissão da conferência dos representantes, não terem a possibilidade de analisar de forma objectiva o tempo que deram à UCID. Dar dez minutos quando, na realidade, seriam treze minutos e quatro segundos em termos proporcionais e não considerar que o partido tem quatro deputados, e que cada deputado da UCID representa cinco mil eleitores, enquanto os outros deputados do PAICV e do MpD representam aproximadamente três mil eleitores. Quer dizer, se estamos a falar de proporcionalidade, vamos então pela proporcionalidade a toda a linha", explica.
Antonino Monteiro acusa o MpD de limitar o tempo de intervenção da UCID.
"Não há aqui vontade de permitir que os deputados da UCID também possam participar do debate com um tempo que permita, no mínimo, dar o nosso contributo para a melhoria da governação e para a melhoria das leis que aqui se aprovam. Daí que haja receio neste parlamento de a UCID falar e, portanto, quem tem a maioria corta, através do regimento que é aprovado, limitando ao máximo - repito, limitando ao máximo - o tempo da intervenção da UCID. No dia em que tivermos um parlamento equilibrado, onde a UCID poderá dizer 'ei, meus senhores, vamos negociar esses tempos', aí a democracia nesta casa parlamentar poderá começar a dar um novo passo", assegura.
Por sua vez, o Presidente da Assembleia Nacional disse que a UCID está a pedir aquilo que o regimento não permite.
"Se nós formos fazer as contas, cada deputado da UCID tem três minutos, cada deputado do MpD tem três minutos. Façamos as contas, nós não podemos dar mais tempo a um deputado do que a outro. O problema aqui não é do parlamento, o problema é da UCID querer aquilo que o regimento não lhe dá. Portanto, isto tem que ficar claro para evitar a deturpação da verdade dos factos", justifica.
Os quatro deputados da UCID abandonaram a sessão plenária antes do início do debate da moção de censura apresentada pelo PAICV. A acção ocorreu após a mesa negar ao partido tempo adicional para discutir a moção.
O PAICV entregou à Assembleia Nacional, uma proposta de moção de censura ao Governo alegando “falta de transparência” na gestão dos recursos públicos e “tentativa de esconder ilegalidades”.