Jorge Cardoso reagia, assim, em declarações à Inforpress, após a publicação no Boletim Oficial (BO) de segunda-feira, 14, do número de 67 professores que receberam licenças sem vencimentos de um ano.
Para este sindicalista, esta situação demonstra que a classe docente está “frustrada e desmotivada”, levando assim muitos a deixar o país à procura de melhores condições no exterior.
“Os professores que fazem este tipo de pedido não ficam no país, mas sim vão à procura de outras oportunidades noutros países”, afirmou o sindicalista.
Acrescentou que esta “onda elevada” de pedido de licença sem vencimento tem a ver, também, com as reclassificações, pagamento dos subsídios pela não redução da carga horária, congelamento por vários anos da situação da carreira e, por fim, pela “inflação que disparou nestes últimos anos”.
Neste particular, lembrou que cerca de 70 por cento (%) da classe docente ficou de fora mesmo com o 1 % de aumento que o Governo atribuiu para este ano.
Por outro lado, considerou que Cabo Verde vai ter “sérios problemas”, assim como Portugal, que, por sua vez, está a enfrentar déficit de professores causado pela emigração dos mesmos, em busca melhores condições de vida noutros países.
A mesma fonte disse, igualmente, que o Ministério da Educação “não está a motivar nenhum professor” a ficar no país, porque há uma “total falta de respeito e consideração” para com a classe”.
Jorge Cardoso disse acreditar que até o final do ano os pedidos de licença sem vencimento por parte dos professores irão aumentar, porque, conforme avançou, muitos professores têm manifestado junto do sindicato a intenção de solicitarem o pedido.
Questionado se este ano haverá um déficit de professores a nível nacional, o presidente do Sindep explicou que ainda é cedo para avançar estes dados, justificando que o Ministério da Educação não colocou ainda a lista dos professores e que existem muitos jovens desta área que estão à espera de uma oportunidade para o seu primeiro emprego.
Frisou ainda que apesar de o Ministério da Educação “tentar impedir” estes professores de obterem a licença sem vencimento, lembrou que este é um direito que está consagrado na lei.
“O Ministério da Educação alega conveniência de serviço para não satisfazer esses pedidos e dizem que se for doença ou outra coisa, e na maioria das vezes refugiam nestes aspectos para não atender a este pedido de certos professores”, precisou a mesma fonte.