O chefe do Estado defendeu esta ideia ao presidir a abertura do 1º Congresso Internacional: Ciência, Inovação e Desenvolvimento na Lusofonia organizado pela Universidade Lusófona de Cabo Verde (ULCV), que arrancou quarta-feira, 18, no Mindelo.
É que, sustentou o Presidente da República, não é concebível universidade sem investigação, tão pouco se pode conceber uma política de investigação sem investimento.
Particularmente em Cabo Verde, o Presidente da República considerou que no ensino superior, mais do que criar universidades e espalhar escolas pelas ilhas, é preciso substanciá-las e cuidar da sua sustentabilidade.
Neste sentido, considerou que a situação dos professores universitários carece de ser analisada, nomeadamente o desenvolvimento da carreira embasada no mérito.
“Há que criar as condições para que os professores universitários dediquem mais tempo à investigação”, pediu, reforçando que o conhecimento e inovação podem ser sinónimos de desenvolvimento.
“Há que estimular a cultura de investigação e inovação, pilares essenciais do ensino superior, e factores do dinamismo, da produtividade e da competitividade de uma economia. Trata-se de apostar na economia do conhecimento e na criação de resiliência”, afirmou José Maria Neves.
Segundo o Presidente da República, as escolas têm de garantir o conhecimento das ciências, mas igualmente garantir a criação de um espírito de curiosidade pela inovação e pela mudança despertando a curiosidade das crianças para a descoberta, a começar no ensino básico.
No quesito inovação, José Maria Neves sustentou que só uma administração pública impessoal, baseada no mérito, poderá inovar.
Ou seja, clarificou, uma administração mais descentralizada, que seja amiga do cidadão e das empresas é um factor de desenvolvimento.
“Isto implica uma mudança profunda na atitude do Estado e no seu relacionamento com a sociedade: desestatizar a sociedade e empoderar os cidadãos. Sabidamente, algo vai mal enquanto houver necessidade de se conhecer a filiação partidária do cidadão, a cor dos seus olhos, seu ideário político; e ele ter que galgar todos os degraus da administração, até ao ministro, com registo em fotografia, apenas para fazer valer os seus direitos, como um emprego ou um pequeno empréstimo ou apoio”, exemplificou.
Defendendo que o desenvolvimento é uma corrida de estafetas, em que cada um vai cumprindo a sua etapa, passando o testemunho para o próximo corredor, José Maria Neves lembrou que os governos são eleitos para governar, construindo soluções para os problemas.
Pelo que, “não se pode, ad aeternum culpar governos passados, pelos insucessos do presente”, aconselhou o chefe de Estado, defendendo ainda que “cada um deve assumir as suas próprias responsabilidades”.
“Somos avessos a escutar as propostas dos outros, mas o diálogo político-social tem que prevalecer. Só podemos crescer se tivermos a capacidade de encetar um diálogo político e social” considerou.
Sobre o 1º Congresso Internacional: Ciência, Inovação e Desenvolvimento na Lusofonia, o Presidente da República disse que se trata de uma “coligação virtuosa com as universidades” e com “uma importância evidente na resolução de muitos desafios próprios do desenvolvimento”.
“Decerto que para Cabo Verde os benefícios serão óbvios, com a investigação e a inovação a impactarem positivamente no uso sustentável de recursos escassos, na economia azul, na economia verde, na economia digital, no turismo, no incremento de energias renováveis.”, arrematou.
Por sua vez, a vice-Presidente de Angola, Esperança da Costa, que também participou na abertura do congresso, disse que o evento constitui uma “oportunidade ímpar” para a troca de experiências e construção de parcerias.