A afirmação foi feita esta terça-feira, 4, em Seul, e disponibilizada na página do Facebook da Presidência da República.
O Chefe do Estado realçou os impactos, sobretudo no continente africano e em Cabo Verde, em particular, da pandemia da COVID-19, das mudanças climáticas e das desigualdades socioeconómicas que, conforme considera, representam desafios interligados que o mundo enfrenta.
Nesse sentido, ressaltou a importância da solidariedade, do crescimento partilhado e da sustentabilidade para superar os referidos obstáculos.
“Acreditamos, firmemente, que o crescimento económico deve ser inclusivo”, afirmou o Presidente, citando os investimentos de Cabo Verde na educação, na inovação e no empreendedorismo como pilares para o desenvolvimento socioeconómico.
Neves destacou a vulnerabilidade de Cabo Verde, enquanto nação insular, às mudanças climáticas e a necessidade de acelerar a transição para fontes de energia renováveis.
“A Coreia, com a sua tecnologia avançada e vasta experiência, pode ser um parceiro decisivo nesta jornada. Juntos, podemos conceber soluções inovadoras que não só protejam o nosso planeta, mas também promovam um crescimento económico verde e sustentável.”, frisou.
José Maria Neves também sublinhou a importância da solidariedade e da partilha de melhores práticas entre a Coreia e os países africanos, apontando a trajectória da Coreia como exemplo inspirador de desenvolvimento.
“É imperativo que aproveitemos essa Cimeira para consolidar a parceria com a África e traçar estratégias que promovam o crescimento sustentável”, discursou.
O Presidente da República é um dos chefes de Estado africanos presentes na Cimeira Coreia do Sul/África sob o lema “O Futuro que Construímos: Crescimento Partilhado, Sustentabilidade e Solidariedade”.
Na Cimeira de Seul, José Maria Neves integra um painel com sete outros estadistas africanos para discutir “Expansão do Comércio e Criação do Emprego”.
Representantes de 48 países africanos, incluindo 25 chefes de Estado, participam na cimeira de dois dias, onde se espera que as conversações se centrem no comércio e no investimento.
Cabo Verde e Coreia do Sul assinam memorando de entendimento
Cabo Verde e a Coreia do Sul assinaram no domingo, 2, um memorando de entendimento para fomentar a cooperação nas áreas da economia, comércio, cultura, ciência e educação.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde destacou que este evento marca “um ponto de viragem nas relações bilaterais”. O documento foi assinado entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul e de Cabo Verde, Cho Tae-yul e Rui Figueiredo Soares, respectivamente.
Rui Figueiredo Soares mostrou-se esperançado quanto à mais-valia do memorando, apontando-o como um compromisso partilhado com um futuro mais próspero e inclusivo.
“Confio plenamente que, unidos, poderemos traduzir esta nobre visão em realidade e erigir um legado duradouro para as gerações futuras”, referiu.
Seul sobe ajuda em troca de reforço da cooperação nos minerais
A Coreia do Sul vai aumentar a ajuda ao desenvolvimento em África e aprofundar a cooperação em matéria de minerais e tecnologias essenciais. O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, instou ainda as dezenas de chefes de Estado e de Governo africanos presentes a darem passos mais firmes numa campanha de pressão internacional contra a Coreia do Norte, numa altura em que as relações entre as duas Coreias, divididas pela guerra, se deterioram.
Actualmente, o comércio do país asiático com os países africanos representa menos de 2% do total das importações e exportações da Coreia do Sul.
Para a Coreia do Sul, a expansão dos laços com África na área dos minerais e recursos é essencial para melhorar a resiliência da cadeia de abastecimento do país em sectores tecnológicos fundamentais.
A Coreia do Sul está a enfrentar desafios crescentes para garantir o fornecimento estável de minerais essenciais, tendo até à data assegurado um número muito menor de minas no continente do que alguns concorrentes directos como a China, os Estados Unidos, ou o Japão.
Yoon afirmou que o país tenciona aumentar as suas contribuições para a ajuda ao desenvolvimento em África para cerca de 10 mil milhões de dólares até 2030 e disponibilizar separadamente 14 mil milhões de dólares em financiamento às exportações para incentivar o investimento sul-coreano no continente.
“Também iremos explorar formas sustentáveis de cooperação em questões que estão directamente ligadas ao crescimento futuro, incluindo o fornecimento estável de minerais críticos e a transformação digital”, anunciou Yoon.
Uma colaboração mais forte na construção de infraestruturas sustentáveis em África, incluindo cidades inteligentes baseadas em dados e sistemas de transporte inteligentes, foi outro dos compromissos anunciados por Seul.
*com Agência Lusa
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1175 de 5 de Junho de 2024.