Jorge Figueiredo falava hoje à imprensa durante uma conferência no âmbito da sua participação na 75.ª Sessão do Comité Regional da Organização Mundial da Saúde para a Região Africana, realizada em Lusaca, Zâmbia, onde as medidas foram delineadas.
A estratégia prevê a identificação imediata de casos suspeitos, a activação célere das medidas de contenção e a aplicação da vacinação, seguindo os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde.
“O Mpox é um vírus, uma zoonose dos macacos. Ao ser identificado no Senegal, aqui próximo, e sabendo nós que a população humana tende a circular muito rapidamente, deduzimos que existe uma elevada possibilidade de o vírus chegar a Cabo Verde. Por isso, o nosso plano já está em actualização”, explicou o governante.
Segundo o governante, o plano de contingência tinha sido elaborado em 2024, numa altura em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertava para a expansão do número de casos em África.
“Já tínhamos preparado a nossa resposta. Agora estamos a rever e a atualizar esse plano, com foco fundamental nas fronteiras marítimas e aéreas, e no reforço da formação das equipas de saúde”, referiu.
O ministro acrescentou que a prioridade é dotar médicos, enfermeiros e técnicos de saúde da capacidade de identificar rapidamente casos suspeitos e agir de forma coordenada.
“Estamos a trabalhar, sobretudo, com os municípios que possuem aeroportos internacionais, por onde, muito provavelmente, a doença poderia ser introduzida. A ideia é manter activo todo o sistema, de modo a reagir com rapidez, programar a resposta e condicionar a propagação em campo”, salientou.
Para além da atualização do plano, o Ministério da Saúde vai apostar na capacitação das equipas técnicas.
“Já tínhamos feito a preparação no ano passado, mas como não houve casos, agora vamos recomeçar com formações de reciclagem. Os técnicos já têm conhecimento sobre a doença; trata-se de refrescar a memória, reforçar os comportamentos adequados, as atitudes a adoptar e a terapêutica a aplicar”, esclareceu.
O ministro lembrou ainda que o Mpox nunca foi introduzido em Cabo Verde, o que exige vigilância redobrada.
“Só ouvimos falar da doença, nunca tivemos casos no país. Por isso é fundamental preparar os profissionais para qualquer eventualidade, sobretudo nesta época de chuvas, em que o alerta sanitário ganha outra dimensão”, afirmou.
O encontro reuniu 47 países e abordou questões como financiamento da saúde no continente, doenças transmissíveis e não transmissíveis, bem como a necessidade de reforço da segurança sanitária.
O ministro da Saúde lembrou que Cabo Verde continua a ser um exemplo de boas práticas, depois de ter recebido em 2024 o certificado de eliminação do paludismo e de já ter conquistado, em 2016, o certificado de eliminação da poliomielite.
O país é ainda candidato à eliminação do sarampo, da rubéola e da transmissão vertical do VIH da mãe para o filho.