O vice-presidente do PAICV e vice-líder da bancada parlamentar do partido elencou os casos de desaparecimentos de pessoas, a questão das más condições de evacuações médicas e a morte a estas associada, e ainda a situação da Cabo Verde Airlines (ex-TACV) para ilustrar o diagnóstico de que a nação está consternada, deprimida e angustiada “porque assombrada por todos estes acontecimentos trágicos e por falta de respostas do Governo para devolver o ânimo, a esperança e o sossego ás pessoas".
“A Nação está também reprimida por violação de direitos sindicais, reprimida por perseguição e represálias às pessoas que fazem recurso á greve para reivindicar os seus direitos, reprimida por acções ostensivas para evitar e impedir manifestações, reprimida por atentados á liberdade no geral e à liberdade de imprensa, por perseguição a jornalistas e por tentativas expressas de instrumentalização dos profissionais da Comunicação Social e tentativas de manipulação, ataques directos á liberdade de imprensa e ao Estado de direito democrático.
Rui Semedo referiu ainda a situação dos agricultores, considerando que as famílias estão a passar por grandes dificuldades e abandonadas à sua sorte perante o mau ano agrícola verificado, e a situação de estudantes que diz não estarem a ser apoiados e terem carência de bolsas de estudos.
A situação actual da Cabo Verde Airlines – que enfrentou por estes dias impedimento de voar para a Itália – serviu para ilustrar a afirmação do deputado de que a nação está “ferida no seu orgulho e beliscada na sua credibilidade”, observando ainda que está-se perante o desmantelamento da companhia área nacional que diz encontrar-se “sem aviões, a acumular prejuízos, a abandonar os seus passageiros em diversos destinos e pontos do mundo e a romper com a estratégia de desenvolvimento das ilhas e dos sector dos transportes”.
O PAICV analisa ainda a política externa do país, que diz ser “sem norte e sem a coerência necessária” para o desenvolvimento de Cabo Verde, apontando ainda que há um aumento da percepção de corrupção, falta de transparência nos principais negócios do Estado, “com confusão estranha entre os interesses privados e públicos” como razões para o seu diagnóstico negativo.
Perante este Estado da Nação – em que, na sua óptica, houve piora em termos de liberdades, confiança, segurança, atendimento nos serviços de Saúde - o grupo parlamentar do PAICV exorta os cabo-verdianos a continuarem a batalhar para enfrentar e vencer os desafios.
Pitagórica
Reagindo à sondagem da Pitagórica divulgada esta semana pelo Expresso das Ilhas - e que mostra que o MPD voltaria a vencer as eleições legislativas mas por uma margem menor, enquanto o PAICV manteria o número de votos obtidos nas últimas legislativas – Rui Semedo entende que esta deixa uma pista de que “o MPD em dois anos perdeu 10 pontos percentuais. Diz que neste momento, se houvesse eleições, o MPD não teria a maioria que teve há dois anos. Se fizermos uma leitura atenta [da sondagem] está a dizer-nos que a credibilidade da actual maioria está a baixar. O nível de confiança no governo e no partido maioritário está a baixar. Se continuar a perder neste nível, daqui a um ano não terá nem a maioria relativa”, sentenciou, considerando que se trata de uma “queda extraordinária”.
O número dois da bancada “tambarina” vê ainda os dados da sondagem da Pitagórica como positivos para a oposição. “Com relação a oposição os sinais dados por esta sondagem indicam que a oposição está a crescer". Contudo alerta: "Isto não nos envaidece; dá-nos a pista para trabalharmos serenamente, com confiança, juntamente com os cabo-verdianos".
As jornadas parlamentares do grupo parlamentar do PAICV serviu de preparação para o debate sobre o Estado da Nação que acontece na sexta-feira, 27, sendo a última sessão parlamentar do ano político.
“ O nosso grupo parlamentar tem uma coisa que não perde: uma profunda esperança no país e nos cabo-verdianos”, finalizou o deputado.